Na última quinta-feira, na Reitoria da Ufba, houve um momento de grande arrebatamento emocional: centenas de pessoas levantaram, uma onda arrepiante alcançou a todos, que aplaudiram de pé uma senhora cadeirante.
Foi durante a posse da nova mesa diretora do Tribunal do Trabalho da Quinta Região, onde a presidente que assumia, Dra. Maria Adna Aguiar, constatou: “Tenho que registrar que esta posse tem uma peculiaridade, um momento singular: pela primeira vez na Justiça do Trabalho do Brasil, talvez de todos os tribunais do país, toma posse como presidente uma cadeirante...”. Dentre as diversas vezes em que foi aplaudida em seu discurso, esta foi a mais demorada e efusiva. Foi, de fato, um momento de enlevo e de pura emoção.
É fácil nos dias atuais tomar posturas, defender causas que se elencam entre as politicamente corretas, mas vamos imaginar a trajetória de uma mulher que nas suas próprias palavras asseverou ainda: “E por que não falar de discriminação? Isso no Brasil de 50 anos atrás. Tive que dizer não ao comodismo, ao colo da minha mãe e do meu pai. Tinha em mim a certeza que aquela era a oportunidade de buscar o conhecimento. Só através dele conseguiria ser livre e independente, ter autonomia.” Elegeu, neste momento simbólico, a educação como real meta de libertação e independência.
A presidente se fez paradigma, de forma espontânea, verdadeira, pois era ela ali sentada, atingida pela poliomielite aos dois anos de idade, dando-lhe apenas limitação física. Fez-me lembrar de VictorHugo, quando a ele se atribui a reflexão de que as pessoas não carecem de força, carecem de determinação para se superarem e vencerem. Naturalmente as forças que lhe faltaram nas pernas se arregimentaram em uma vontade indomável, que a fez buscar as realizações dos seus sonhos por justiça e merecimento. Acompanham-na à mesa diretora do TRT: Dra. Lourdes Linhares, vice-presidente, Dr. Esequias de Oliveira, corregedor, e Dra. Nélia Neves, vice-corregedora.
José Medrado
Mestre em Família pela UCSal e fundador da Cidade da Luz