Li há algum tempo, não me recordo onde, interessante estudo sobre a mentira, onde de pronto choca ao afirmar que, a bem da verdade, todos nós mentimos, em um momento ou outro, por questões simples, como o dizer que não estamos em casa, para não atender a um telefonema, ou por assunto mais sério, como uma traição.
O filósofo Aristóteles só aceitava duas maneiras de mentir: diminuindo ou aumentando uma verdade. O teólogo Santo Agostinho afirmava que, geralmente, dentre os seus conceitos de mentira, a pior é aquela que prejudica alguém e considerava a “boa” mentira a que salva a vida de uma pessoa.
Atualmente, no entanto, os estudiosos do comportamento humano concluem que a mentira é uma só: tudo aquilo que se queria que fosse verdade. Dessa forma, estamos vendo a República sendo invadida, pelo rompimento das barreiras do sensato, do ponderável, por uma enxurrada de mentiras, de todos os lados, sendo que algumas apoiadas em princípios de verdade – as tais falácias – modificadas, distorcidas; outras com uma desfaçatez tamanha que chega ao encontro da teoria do nazista Joseph Goebbels, quando afirmava que “uma mentira repetida mil vezes se torna verdade”.
O texto lido ainda refletia que o ato de mentir ou a intensidade do uso da mentira está diretamente relacionado aos valores de cada povo, de cada cultura. Fato. Vemos, assim, que na nossa própria sociedade a mentira é “graduada”, “valorada” pela tal “intenção”. A verdade é que a mentira sempre estará atrelada à burla, ao ludibrio e não raramente para o ganho de alguma vantagem, ou para se livrar de alguma desvantagem. Então, quando verificamos que em uma sociedade as pessoas mentem, sem qualquer prurido de constrangimento, como reforço aos seus argumentos e “convicções”, resvalando para a hipocrisia e dissimulação deslavada é um grande sinal de enfermidade profunda, pois a mentira se torna base, meio e fim em si mesma, como instrumento de conquistas quase sempre de objetivos inconfessáveis.