O Réveillon bate à porta, chega a hora da tal virada do ano, romper o ano...são expressões que evidenciam, em verdade, a necessidade pessoal de que tudo “acabe logo” pois o ano que se finda não foi fácil. Geralmente são expressões ditas para justificar uma certa ansiedade ou mesmo angústia pelo que não foi conquistado, ou pior: pelas dores vividas. Tudo muito lídimo e verdadeiro. Principalmente, quando revestido de propostas, desafios e lições não apreendidas. Infelizmente, no entanto, pouco ou quase nada se agrega ao valor do hoje, pelo passado ontem.
Pessoalmente, fui alvo de muitas buscas de indivíduos que passaram por desastres pessoais, em diversas áreas do comportamento, da vivência, inclusive familiar, mas, infelizmente, a experiência me aponta, que muitos dos que se arrependeram de algo, no momento do sufoco, da dor, não aprenderam com o sofrido e repetirão as ações. Lamentavelmente.
Somos repetidores de nossas vicissitudes e o tempo não gera, com a mudança do calendário, um sentido de conserto daquilo que fizemos e não deu certo. O ego inflado não se autoatribue responsabilidade de corrigenda, razão, muitas vezes, da insistente permanência de uma angústia que muitos alegam que não entendem o motivo. Ela está, a grosso modo, na falta de “azeitamento” de seus comportamentos aos seus princípios estabelecidos.
O ser humano é um animal de faltas, que vive sempre na tentativa de se suprir do que pensa ser as suas necessidades, partindo deste pressuposto se estabelece a incansável tarefa do mais, mais... perdendo-se no que de fato vale a pena e seja essencial. Somos reativos aos nossos processos interiores, quase nunca “escutativos” ao que eles querem nos dizer, propor-nos. Alucinam-se com a busca do sexo fácil, das conquistas como medalhas, do dinheiro para agregar valor de poder, de ostentação... mas em geral com o pagamento muito alto da própria paz, do próprio sossego. O ser humano está perdendo a saúde emocional, porque se sente coagido a viver sob os conceitos impostos por uma sociedade que a cada dia se percebe mais calçada em valores que não guardam em si mesmo sentido de busca.
Assim, que vivamos a expectativa de um Ano Novo, mas com a abertura em nossas almas da possibilidade real do novo, inclusive na revisão de conceitos, ou pré-conceitos sempre geradores de ações que podem engradecer o sepultar uma conduta. (R)
José Medrado é líder espírita, fundador da Cidade da Luz, palestrante espírita e mestre em Família pela UCSal. Também é apresentador de rádio