Vivemos momento de extremo individualismo, onde o egocentrismo efetiva comportamentos, atitudes. Época difícil, de falta de comprometimento de envolvimento real, desinteressado em questão de âmbito social. Fomos, no entanto, na Cidade da Luz, surpreendidos com uma ação de um grupo desembargadores do Tribunal de Justiça da Bahia (doutores Osvaldo Bonfim, Salomão Resedá, Nágila Brito, João Pinto, Baltazar Miranda e o Juiz José Reginaldo), que nos visitou com o objetivo de nos propor uma maior reflexão sobre a notícia de que estávamos terminando com abrigamento em nossa Instituição.
É fato: não há satisfação maior que o idealizador de uma obra receber públicos reconhecidos do trabalho que realiza ao lado de inúmeros amigos e voluntários.
Dessa forma, sentimo-nos muito sensibilizados por sabermos deste reconhecimento. De outra parte, porém, ficamos exultantes por esses desembargadores saírem dos seus cuidados para defender trabalho de interesse social, sem, necessariamente, estarem vinculados ao seu campo de vinculação, salvo o desembargador Salomão Resedá, que está à frente da Comissão do TJ para Infância e Juventude. Ele que sempre foi um grande trabalhador da causa. De há muito, porém, o descaso dos poderes públicos com os abrigos só vem desestimulando a todos que trabalhamos com afinco e denodo em tal mister. Os que poderiam ser instrumentos de cobrança dos órgãos públicos, não são, só inventam normas. O Executivo, em todos os níveis, não toma conhecimento de nossas carências e necessidades.
O excesso de burocracia e o academicismo de gabinete têm gerado grande descompasso com a prática das instituições, em ondas de teorias nada viáveis.
Em nossa instituição, o foco na criança será mantido, mas sem o abrigamento, para isto esperamos contar com a Prefeitura de Salvador, que tem demonstrado interesse com ações em creche e educação infantil. Já estivemos com a Secretaria de Educação do município e estamos em compasso de espera.
José Medrado,
Mestre em Família pela UCSal
Fundador e Presidente da Cidade da Luz