FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO

Acreditar não, raciocinar sempre

Eu penso que a ninguém se deve pedir, exigir uma fé, pois ela não passa por um processo de imposição de convicções, de certezas que, muitas vezes, só o profitente, de maneira segura, tem.

A estruturação da fé, devo reconhecer, muitas vezes, nasce de sentimentos muito subjetivos, que podem não ser alcançados pelo vulgo comum, digamos, mas que se tornam arrebatadores na vivência de quem os sente.

Exigir uma fé é ato de tamanha violência, que se assemelha a tortura fascista, digna de um carrasco, pois, se o coração não foi tocado, se a razão não foi sensibilizada, nada, portanto, sortirá o efeito real da crença. É muito difícil, preciso reconhecer, que uma pessoa abra mão de toda a sua verdade histórica acerca de algo, em especial da crença religiosa, para passar a acreditar sem vacilo, sem titubeio em algum fenômeno ou situação que seja apanágio dos que acreditam. Honestamente, não penso que os fenômenos mediúnicos, por exemplo, possam transformar a fé de alguém, muitas vezes eles se transformam em pontos de incômodos, de desconforto que podem até gerar um confronto e busca obstinada do contraditório, em explicações vazias ou até mesmo de justificativas esdrúxulas aquilo que não se consegue racionalizar e aceitar de maneira tranquila.

Vejo muito frequentemente isso no caso da pintura mediúnica, a pessoa está ali vendo um quadro a óleo ser feito entre 5 e 12 minutos, mas prefere buscar a desqualificação como instrumento de acomodação de sua mente cética à possibilidade de uma realidade que transcenda à sua verdade.

Chico Xavier sempre foi ridicularizado pelos críticos literários, quando apreciavam os seus escritos poéticos, nascidos de nomes venerados em nossa literatura, como Castro Alves, Casemiro de Abreu, Augusto dos Anjos... mas, nenhum deles, ao contrário de seus pontos de vista, reconheceu, então, a genialidade de um escritor tão prolífero, oferecendo destaque no rol dos grande acadêmicos brasileiros.

Realmente, a fé não se pode exigir, mas o pensar racionalmente se torna uma obrigação a seres que se distinguem no reino animal pela inteligência e capacidade cognitiva discernitiva. É dessa forma, então, que não poderemos simplesmente dizer que as crianças chacinadas em Realengo, no Rio de Janeiro, tinham que passar por aquilo, simplesmente e pronto. É simplificar muito o processo da lei de causa e efeito e imaginar que alguém reencarnaria com o propósito de ser assassino, para retirar da vida jovens quase crianças, “porque tinha que ser assim”. Nada dessas misérias e tragédias nascidas do livre arbítrio humano “tinha que ser assim”.

Precisamos colocar em nossas considerações de fé o repasse pelos corredores da razão, analisando de maneira isenta tudo que possa se relacionar com a situação sob avaliação, ou seja: não poderemos fechar questões simplesmente com sentenças menores, como chavões, para fechamento de questão. Isso serve aos fanáticos, jamais aos que querem viver uma fé raciocinada.

José Medrado
Mestre em Família pela UCSAL
Fundador da Cidade da Luz

 

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