Vi aqui em A TARDE, no último domingo, a notícias de que o governo do Estado criou um fórum para discutir a violência com o Estado e, no primeiro parágrafo, há a informação de que é “uma iniciativa para aproximar representantes de movimentos sociais do governo estadual, com foco na prevenção à violência”. Do rol dos presentes, senti a falta de entidades ligadas a ações contra a intolerância religiosa. Certamente, a iniciativa trata de ações pontuais para evitar notícias em torno de possíveis violências policiais e ou afins.
Tenho, por outro lado, recebido manifestações de muita angústia por parte de segmentos religiosos de matriz africana, por força de vídeos de jovens fardados batendo continência e "prontos para batalha", com o nome de gladiadores do altar. Guardam a aparência de milícia paramilitar, bem ao modo fascista. Vejo, preocupado, certa indiferença dos poderes públicos sobre assuntos associados à intolerância religiosa, talvez porque, ao lado de tudo que vemos pela imprensa e redes sociais, se escora em um poder político crescente, que tem, inclusive, ditado o que o Estado pode ou não fazer em termos de educação e cidadania.
O que nos garante que não estamos vendo um fundamentalismo religioso crescendo, sob o olhar omisso de parte da sociedade? Será que não há histórico para tais receios? É esperar algo acontecer para se fazer alguma coisa? Preocupa-me, de outra parte, a cooptação e ou partidarização de ações que devem nascer neutras, porquanto de proteção à laicidade do país, ao direito de se professar a fé que se queira, sem medos, receios de qualquer natureza. Sei que há um fórum para o combate da intolerância religiosa, mas o
entendo como espaço teórico, que resulta, de um modo geral, em ações práticas pouco eficazes. O povo de santo que desde sempre se vê perseguido mais uma vez se atemoriza, e com justa razão, porque geralmente a sua proteção é diante da imprensa, mas nunca de fato para as suas dificuldades.
José Medrado
Mestre em Família pela UCSal e fundador da Cidade da Luz