FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO

Anitta?! Para quê? - 25/06/18


Entendo que arte deve ser manifestação de tudo aquilo que vem da vazão da criatividade humana, desta forma não concebo que a arte se paute a questionamentos, muito usuais, do tipo: Isto é arte? Tudo sempre será. Foi criado? É arte. Outra coisa, no entanto, é ocorrer sintonia entre mim e a arte que observo. Aí, claro, eu gostarei, ou não. Eu admirarei ou não. Razão, também, pela qual censurar arte com base em gosto, entendimento de alguém é incabível.


Indispensável, no entanto, se a manifestação artística é inusual, os devidos esclarecimentos do que será visualizado, o seu conteúdo, para não gerar surpresas desagradáveis. Dito isso, vejo que a mídia tem divulgado que há disputa em curso entre as emissoras Globo e Netflix para veiculação do “Clube da Anittinha”, trabalho da cantora visando aos pequenos. A revista Veja, noticia que o “Clube” destacará a vida da cantora, sucesso entre as crianças mesmo com seus hits bastante adultos, como “Romance com Safadeza” e “Vai Malandra”. Ora, ora, não pontuo aqui se a vida de Anitta é referência de conquista, sucesso...nada disto. Busco, no entanto, entender a relevância para as crianças estarem absorvendo, aprendendo as suas músicas e ou suas coreografias? Escrevo sem qualquer puritanismo embolorado, mas reflito sobre crescimento.


Sei, também, por outro lado, que é impossível mudar o curso das questões de sociedade, tornando-se uma espécie de retentor da avalanche de gosto questionável. Nunca se conseguiu, nem se conseguirá. Porém, aos pais e aos educadores cabem, assim vejo, um mínimo de controle do que os filhos têm acesso, a fim de, no mínimo, procurar conduzir para uma visão de mundo que possa estar além de um gosto senso comum, ou até sem qualquer sentido educacional. Omissões educacionais nesse sentido têm levado a se criar um gosto, interesse sem qualquer conteúdo que acrescente valores às nossas crianças. É sabido que o processo de formação de gosto, conceitos, referências...passa pelo aprendizado, então por que não levarmos os nossos filhos e os que educamos a interagirem, conhecerem Milton Nascimento, Caetano, Chico Buarque, Flavia Wenceslau, Skank...apenas para citar alguns compositores-intérpretes?! A fim de se formar uma geração que tenha a opção de um, digamos, “cardápio” musical mais apurado.


É natural que os fãs de Anitta retruquem, afirmando que ela poderá ensinar, sei lá...coisas boas, mas me pergunto como, cantando para a garotada:

E daí se você é gostosa? Se você sobe e desce na festa?
Se você tá virando tequila, não me interessa
Sabe por que eu não te largo?
Cê faz gostoso e ainda põe leite condensado
Sabe por que você não me deixa?
É que eu misturo romance com safadeza

Pois é... Aos adultos com suas escolhas, tudo bem, mas por que impor às crianças tais “reflexões”?


José Medrado

Líder espírita, fundador da Cidade da Luz, palestrante espírita e mestre em Família pela UCSal.

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