O axioma grego "homem, conhece a ti mesmo" sempre foi muito citado e proclamado. Ele se encontrava inscrito no templo de Apolo, em Delfos, e há séculos nos faz alarde acerca da necessidade de devassarmos o nosso íntimo, como forma de realmente conhecermos os nossos motes para ações, palavras, sentimentos. Lamentavelmente, no entanto, estamos a cada dia menos entusiasmados para essa incursão, uma vez que se torna, em diversos momentos, muito desconfortável revirarmos o nosso emaranhado do que somos, confrontando a realidade de nossos sentir e agir.
Nesse caminho, para melhor encontrarmos razões para muitas das agressividades que vemos nas redes sociais, um estudo realizado pela Universidade Humboldt em conjunto com a Universidade Técnica de Darmstadt, ambas na Alemanha, encontrou uma inveja desenfreada nos usuários do Facebook, a maior rede social do mundo.
Os pesquisadores descobriram que uma em cada cinco pessoas ouvidas na pesquisa aponta o Facebook como a origem de sua experiência de inveja. Um bilhão de pessoas, um sétimo da população mundial, participam dessa rede social. As pessoas, segundo a pesquisa, passam mais tempo verificando o que é postado por amigos que parecem ser mais felizes e aproveitam melhor a vida. Assim, surge o sentimento de vazio, de solidão: a não felicidade, pois os amigos passam em imagens, fotos a ideia de serem mais de bem com a vida.
A tudo isso se funda uma realidade na onda do virtual que não guarda necessariamente – todos sabem, mas não consideram – ressonância coma verdade factual. A vida passa a ser ditada de forma mais intensa pela ilusão do que se diz, posta-se sem qualquer critério de análise, de observação e ou mesmo checagem.
Aqui falo de tudo tomado como verdade, em um risco sem tamanho de sermos engolidos por mentiras, calúnias ou a própria inveja que, muitas vezes, tenta desconstruir pessoas, ações, simplesmente por não caber (ao invejoso) a percepção do brilho de sucesso do outro.