Ontem o Fantástico produziu uma matéria, tendo à frente o conhecido médico Dráuzio Varela, denunciando as tais fake news direcionadas à saúde, com absurdos tais: água de coco quente cura câncer, paracetamol e dipirona contêm vírus... chegando mesmo a denunciar a disseminação de um áudio do médico oncologista, Rafel Sato, do Paraná, onde ele afirma que a folha da graviola cura câncer.
O médico ouvido pelo programa afirma que fez um vídeo desmentido a autoria, inclusive afirmando que fez um boletim de ocorrência, mas que o seu desmentido foi atacado pelas redes sociais, onde muitos disseram que ele tinha sido comprado pelas indústrias farmacêuticas para o desmentido. Nesse caso, o que é pior ainda, não houve um disseminar de boato, mas alguém se propôs criminosamente a fraudar um áudio, que deve ter levado para muitos esperaças vãs, a outros até, quem sabe, descontinuidade de tratamento médico sério. Que crime.
A Global Advisor: Fake News, Filter Bubbles, Post-Truth and Trust, da empresa Ipsos, divulgou faz algumas semanas uma pesquisa, onde em um universo de 27 países, o Brasil é o que tem o maior número de pessoas (62%) que já acreditaram em uma notícia que, na verdade, era boato, e o pior repassando adiante. Não quero imaginar que seja simplesmente por boa-fé, ou pura ignorância, considerando que o Brasil não é o país com a maior população de ignorantes do mundo, mas por que seria, então?
Jay Van Bavel, professor de psicologia e ciência neural da Universidade de Nova York. afirma que a tendência que temos a sempre buscar informações que confirmem nossas próprias crenças, seja por meio de memórias seletivas, leituras de fontes que estão do nosso lado ou mesmo interpretando os fatos de determinada maneira. Isso tudo está relacionado ao fato de que não queremos ter nossas ideias, gostos, identidade questionados, e por isso temos dificuldade em aceitar coisas que contradizem aquilo em que acreditamos. Mas pessoalmente acredito que muito seja por irresponsabilidade, inconsequência, pois não avalia o que derivará em passar o que não tem certeza adiante, ou até mesmo por maldade, para prejudicar alguém. E você passa por qual motivo?
*José Medrado é líder espírita, fundador da Cidade da Luz, palestrante espírita e mestre em Família pela UCSal.