O Ministério da Saúde anunciou que pretende ampliar a distribuição de camisinhas para jovens nas escolas públicas, após uma pesquisa constatar que 45% dos estudantes ouvidos tinham vida sexual ativa e que 30% não haviam usado preservativo na sua mais recente relação. A polêmica se formou.
Muitos dos ouvidos, inclusive pedagogos, falaram que tal iniciativa geraria uma estimulação precoce da sexualidade, o que é rebatido pelo governo, com base na pesquisa da Unesco que vê de forma impostergável a necessidade de uma política pública sobre o assunto, sem qualquer omissão ou hipocrisia, com o que concordo plenamente.
Ora, ora, achar que os jovens vão fazer mais sexo, ou começar a fazê-lo mais cedo por causa da facilidade de se ter o preservativo é, em meu entender, uma visão muito estreita para um assunto que há muito já faz parte das conversas da garotada. Vejo, muito pelo contrário, que a discussão levará a uma quebra de tabu, inclusive de diversos jovens, que, muitas vezes, necessitam de um atalho, de uma “desculpa” para saber sobre temas “proibidos” de maneira travessa, sem ser direto. Ou seja, os jovens terão motivos para tocar no assunto de maneira mais natural, pois não será a sua privacidade em questão, mas o que está em voga.
É claro que a família terá também, aí, o seu papel, que vem delegando à escola, de conversar sobre o tema, colocando de forma clara, objetiva, como as escolhas devem acontecer, sem pressão, sem modismo, mas de acordo com a vontade e discernimento de cada um. E ao governo, não apenas por as máquinas de preservativos nas escolas, mas contextualizar tudo dentro de um projeto pedagógico maior, de alcance mais abrangente.
É um absurdo esta forma hipócrita que a nossa sociedade enfrenta determinados assuntos e/ou problemas, dando uma de avestruz, colocando a cabeça debaixo da terra e fingindo que nada acontece em seu entorno. Penso que a falta de orientação e a quebra de tabus sem sentido aos jovens é um desrespeito à ignorância dos mesmos, que, por falta de vivência e natural aprendizagem na vida, fazem gerar arrependidas consequências no âmbito de muitas famílias.
José Medrado
Mestre em Família pela UCSAL
Fundador da Cidade da Luz