É sabido e comentado, por todos, que as redes sociais têm sido uma terra de ninguém, onde as pessoas dizem o que querem, e tantas outras repassam as postagens sem qualquer critério. Naturalmente nesse processo, iremos ver a difamação, que significa desacreditar, sendo um crime que consiste em atribuir a alguém fato ofensivo à sua reputação.
Não confundir com a calúnia, pois esta é a imputar, geralmente, fatos criminosos. Na difamação o que se busca é desacreditar a vítima, embora sem apontá-la como autora de fato criminoso. Busca-se atingir e ou desconstruir a reputação da vítima, com objetivos dos mais variados, desde vingança pessoal, por inveja e ressentimentos, até por interesses ideológicos, políticos tão ao gosto ultimamente das postagens.
Assim, estamos vendo uma saraivada de ataques à recém-assassinada vereadora Arielle, colocando-a desde casada com conhecido traficante, até de ser “patrocinada” pelo crime organizado do Rio de Janeiro. Ora, ora, de logo, consideramos que se estabelece uma casta de “assassinados”, onde alguns parecem que “merecem” a morte, outros não? Naturalmente o juízo de valor e a sentença nascem da vontade de alguns que se lançam a soltar os seus interesses em letras vis e detratoras pelas redes sociais. Lamentavelmente, no caso, vemos claramente, dentre outros, o interesse ideológico, o engajamento político, em face da militância que a vereadora exercia.
Ainda que todo esse lixo que se tem postado, curtido, comentado e partilhado pelas redes sociais sobre a vereadora fosse verdade – cogitando o insano do possível – isto faria com que o crime fosse aceito? Fosse de importância menor? Marielle não tem pais, família, amigos...nada importa aos difamadores e seus simpatizantes, neste momento de dor, de luto?
Alguns outros levantarão a questão da notoriedade do crime, em uma espécie de acinte aos milhares de outros que acontecem todos os dias, mas isto também deve gerar o descaso, quer dizer: já que outros não foram infelizmente e lamentavelmente relevantes para a sociedade, senão estatística, significa que deve se fazer com todos da mesma forma? Não deveria se lutar pelo contrário, que todos tivessem a mesma indignação, e que a sociedade não se acostumasse com os corpos pelas ruas?
Não podemos ser tão levianos e inconsequentes, disseminando tudo que nos chega como verdade, simplesmente porque se rotula esquerda, direita, centro...sei lá...Assumamos o sentido amplo de dignidade humana, em sua expressão em todas as direções. Discordemos de posições, mas nunca do direito à vida, à liberdade de ser e seguir com dignidade e respeito as ideologias das pessoas, em todas as suas vertentes, desde que na legalidade.
José Medrado
Líder espírita, fundador da Cidade da Luz, palestrante espírita e mestre em Família pela UCSal.