Existe, em nosso País, uma espécie de cultura do agrado, onde a vivência da cidadania, por parte de algumas instituições filantrópicas e mesmo pessoas, passa por bajulações e mesuras exageradas aos detentores da tal caneta do poder, quando se busca algum interesse, ainda que em prol de terceiros.=
Claro que a urbanidade, o fino tratar cabe em todos os lugares, inclusive em nossas casas, mas daí a nós, que fundamos e dirigimos instituições sociais, sem fins lucrativos, invertermos a ordem natural das relações, acreditando que aos donos dos cargos para os quais foram eleitos pelo povo necessitamos de favores, significa erro de função, fraqueza na relação. Os poderes públicos têm obrigação de nos atender, inclusive naquilo que fazemos por incúria, lacuna que eles deixam.
Recentemente, escrevi aqui e falei na Rádio Metrópole, em meu programa diário, sobre uma verba devida do governo federal aos abrigos e que não chegava. A prefeitura veio a público dizer que o atraso e o ajuste no valor dos repasses dos recursos enviados pelo governo federal às dez instituições conveniadas somente está dependendo da aprovação das contas referentes ao exercício de 2012 por parte do Conselho Municipal de Assistência Social. Contas de quem?
Respondo pela Cidade da Luz, onde estamos em dia, inclusive em total regularidade com o repasse da prefeitura. Questiono a verba do governo federal? Continuo querendo saber quando os abrigos receberão? Não se pode jogar com o vazio desta forma, de maneira falaciosa.
Não pense o leitor que esta verba é algo em torno dos milhões que a Pierre Bourdieu recebeu. Quem dera. São míseros R$90 por criança abrigada.
Cumpre-nos a todos esta mudança de paradigma, nas relações com os poderes constituídos, a fim de retrilharmos o certo, onde o sério precisa ser respeitado e tudo muito bem explicado.
J. MEDRADO ESCREVE NA QUARTA-FEIRA, QUINZENALMENTE