FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO

Democracia de conveniência

Sei que, nos últimos dias, muito se falou e escreveu sobre a mediocridade de ambos finalistas, candidatos à Presidência da República, em seus surtos de religiosidade e consequentes rechaços a temas que, em tese, deveriam, pelo menos, guardar um sinal de igualdade entre o sentido de democracia e soberania popular.

Tornou-se bisonho uma escrever carta de repúdio ao casamento entre pessoas do mesmo sexo, afirmando ainda ser contra o aborto, depois de ir a encontros de pastores evangélicos com o presidente Lula - este não quis ser fotografado ou filmado no reduto; o outro a modular discursos e ações para não ferir suscetibilidades religiosas, mas também para se diferenciar da outra, parece até que foi seminarista. Risível.

Esse cenário ilustra muito claramente que o nosso modelo de democracia, de ideologias políticas cede espaço às conveniências eleitorais do momento, em um jogo cujas regras são o que mais é “interessante” dizer para melhor ficar na foto, na filmagem.

Vemos que pontos que deveriam ser de defesa categórica de ambos os candidatos, como o casamento entre pessoas do mesmo sexo, como instrumento de igualdade de direito, forte pilar de um Estado democrático se tornam moeda de troca por votos, em um resultado deformado de um processo de luta pelo poder, como se a democracia pudesse abrir, contraditoriamente, duas vertentes de ação, uma a de um reforço de dominação da religião sobre uma sociedade livre e o outro uma consciência de um Estado plural, onde até ser ateu deveria ser um direito cidadão.

É de se esperar isso, pois um Estado que se diz laico não faz cair o seu braço com rigor sobre os intolerantes religiosos que assolam o País de Norte a Sul, que perseguem, injuriam religiões outras que não as suas, e nada é feito. Ainda hoje se vê televisão estatal, por todo País, transmitindo missas e programas religiosos católicos, como se fosse a coisa mais natural.


A Aeronáutica, ainda há pouco, abriu concurso para capelão católico e evangélico, bem barrado que foi pelo Ministério Público Federal de Brasília. E o país é laico. Pois sim!

José Medrado
Mestre em Família pela UCSAL
Fundador da Cidade da Luz

 

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