Não guardo coloração, nem inclinação partidária política alguma, pois não acredito, há muito, nos ideais dessas agremiações furta-cores. Acredito em homens, pelo menos busco crer. É verdade, no entanto, que vamos ver interesses aqui e ali sendo engendrados em benefício de quase tudo e muito pouco dos anseios e necessidades da sociedade. A desfaçatez domina a cena. É um jogo aberto, às escancaras, em total derrocada de qualquer réstia de dignidade que poderia bafejar o cenário político nacional, no geral.
O deputado Eduardo Cunha foi eleito presidente da Câmara dos Deputados em um jogo pesado feito de todos os lados. Estranhei uma afirmação que fez aqui mesmo, em A TARDE, frente à pergunta do jornalista: Será possível votar projetos como a criminalização da homofobia? “Na minha opinião, não. Porque você fere o livre direito de culto (...)”, respondeu. Como? Ora, vi que o cidadão era evangélico, e defendia, sem o menor pudor, a manutenção das agressões de segmentos de sua religião a cidadãos brasileiros. A homofobia é um atentado à dignidade do ser e não há ação clara do governo para impedir, pois isto, como se depreende do presidente eleito da Câmara, vai de encontro aos interesses de satanização dos gays, por alguns cultos. Não bastasse, esse senhor ofereceu a direção da Comissão de Constituição e Justiça ao deputado Arthur Lira, do PP de Alagoas. Enquadrado na Lei Maria da Penha e denunciado pela Procuradoria da República, por agredir com “tapas, chutes e pancadas'' uma ex-companheira. A denúncia contra Arthur Lira foi convertida em ação penal por maioria dos votos do Supremo Tribunal Federal. Aí estão os representantes do povo que a sociedade brasileira em seu conjunto elege. Mas você, leitor, já sabe disso.
Há um pensamento atribuído ao presidente Kennedy: "Se você agir sempre com dignidade, talvez não consiga mudar o mundo, mas será um canalha a menos". Talvez passe por aí o desafio de estarmos neste país.
José Medrado
Mestre em Família pela UCSal e fundador da Cidade da Luz