FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO

Desafios católicos - 13/03/13

Uma semana antes do início do conclave que guardava a missão - responsabilidade da eleição do líder maior da Igreja católica -, uma associação americana formada por vítimas de abusos sexuais atribuídos a padres pedófilos publicou uma lista contra doze possíveis candidatos a papa e exigiu que a Igreja de Roma levasse a sério a proteção das crianças, pois, segundo essa associação, esses cardeais evitaram apuração das denúncias, quando não foram os próprios agentes.

Inegavelmente, este tem sido o grande problema da Igreja Católica nas últimas décadas, razão pela qual o próximo papa precisará acenar de forma firme que não transigirá com posturas que não podem ser reduzidas a falácias como a dita pelo cardeal escocês O’Brien, que reportou a “atos impróprios”.

"Queremos dizer aos prelados católicos que deixem de fingir que o pior já passou" sobre o escândalo de pedofilia dentro da igreja, declarou David Clohessy, diretor da Rede de Sobreviventes de Abusados por Padres (Snap, na sigla em inglês).

A organização citou uma dúzia de cardeais da Argentina, Austrália, Canadá, EUA, Gana, Honduras, Itália, México e República Tcheca, acusados de proteger os padres pedófilos ou por terem feito declarações defendendo religiosos.

Não guardo dúvida alguma de que a Igreja Católica tem na maioria dos seus pilares homens de bem que, por vocação, buscam a vivência de seus valores sacerdotais, razão pela qual não se pode deixar que frutas estragadas contaminem todo o cesto. O novo Papa precisa dar sinais claros de rigor, disciplina a esses crimes perpetrados contra a infância e juventude, como aceno de que a Igreja no seu todo tem compromisso com a ética e a moral, e não apenas jogos de cena contra o uso, por exemplo, de preservativo, não descriminalização do aborto.

É fato notório que os católicos hoje em dia não guardam, na grande maioria, seguimento aos ditames da Igreja, a crença se estabelece por tradição familiar, formou-se uma espécie de rebeldia religiosa, exatamente por conta do anacronismo, do distanciamento da Igreja de sua população. Seria de grande inspiração se o próximo papa pudesse, sob a inspiração de João XXIII, reeditar um novo concílio, como foi o Vaticano II que começou sob o seu auspício e terminou no de Paulo VI. Foi, inegavelmente, um marco de aproximação da Igreja do seu povo.

Em 1995, o Papa João Paulo II classificou o Concílio Vaticano II como "um momento de reflexão global da Igreja sobre si mesma e sobre as suas relações com o mundo". Ele acrescentou também que essa "reflexão global" impelia a Igreja "a uma fidelidade cada vez maior ao seu Senhor. Mas o impulso vinha também das grandes mudanças do mundo contemporâneo, que, como “sinais dos tempos”, exigiam ser decifradas à luz da Palavra de Deus". Talvez, o tempo atual esteja trazendo as mesmas exigências que o Papa João Paulo II falou da década de 60, quando foi do Concílio Vaticano II. Que assim seja, até como contraponto ao fundamentalismo de algumas religiões neopentecostais.

José Medrado
Mestre em Família pela UCSAL
Fundador da Cidade da Luz

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