De um modo geral, a maioria dos espíritas vive em uma redoma fechada, tendo como conhecimento e verdades espirituais apenas o que é passado por alguns palestrantes ou o que se lê em livros e textos com pretensão de completar a codificação. Grande equívoco, pois alicerça o seu saber de ouvir falar, de segunda mão, perdendo, muitas vezes, o senso crítico avaliativo, a formação da própria opinião.
Em outubro, cheguei de uma viagem a seis países europeus, a convite de instituições espiritualistas e da Igreja Espiritualista da Grã-Bretanha. Venho privilegiando esses convites, ainda que para alguns convites espíritas tenho sido sabotado; por incrível que pareça, existe isso no movimento espírita, mas é uma outra história...Tenho aceito esses convites porque se tratam de organizações grandes, onde a vivência espiritual é fecunda, havendo médiuns em franca atividade. Pude perceber que os médiuns ingleses têm desenvolvido na Igreja Espiritualista um grande trabalho – Espiritismo é um ilustre desconhecido, somente brasileiros, de um modo geral – fora da península Ibérica – trabalham nossa doutrina com ardor, mas de forma bem restrita. Sim, como dizia, médiuns realizando reuniões de efeitos físicos – não participei, pois sempre estava muito cansado, apesar de convidado para pelo menos três delas. Os meus trabalhos, permitam-me, sempre concorridos por nativos ávidos, curiosos – vide site da Cidade da Luz – em claro exemplo de que há uma efervescência grande da vida espiritual por lá.
A verdade, assim, é de que o movimento espírita tem fracassado em sua divulgação, principalmente os órgãos tidos como oficiais. Vê-se apenas uma vida intramuros, sem interação com esses movimentos grandes, fortes. Participei, como já faço, há seis anos, de um evento em Stansted, na Inglaterra, com médiuns não espíritas de cerca de dez países da Europa, e mais Austrália, Nova Zelândia. A situação é de tal monta entristecedora que o nosso maior líder brasileiro de todos os tempos, Chico Xavier, é um ilustre desconhecido. Ninguém conhece a sua obra. Agora pasmem, sabem de quem muita gente pergunta se eu conheço? João de Abadiania, isto mesmo João de Abadiania.
Não guardo dúvida alguma de que isso evidencia uma falta de estratégia de divulgação espírita, de uma ação voltada ao mundo exterior do nosso arraialzinho. Ficamos como umbigos nos achando o centro do Universo, e lá fora ele avança, desdobra-se em diversas frentes em que, geralmente, o mundo espírita desconhece completamente, e o pior ainda: pensa que não existe. Permitam-me, há quinze anos, vou anualmente à Europa, há doze atendendo a esses convites. Em 25 dias, fui a 6 países, fiz 12 voos internos pela Europa, 12 palestras, 10 trabalhos de pintura, em um todo de mais de 100 quadros, é muito trabalho! Já avisei que só vou agora a cada dois anos. Apesar do cansaço, um alento: fiz grandes e verdadeiros amigos.