O professor de economia Robert Innes, da Universidade da Califórnia, afirma, tendo como base uma pesquisa por ele realizada, que “a desonestidade é mesmo contagiosa”. Assim, entende o pesquisador que a falta de honestidade pode ser comparada a um vírus – quanto mais contato você tem com uma pessoa desonesta, maior é o risco de ser “infectado” com a desonestidade. Será que isso explicaria todos os desmandos a que estamos vendo emporcalhando a nação brasileira, geralmente protagonizados por diversos políticos, que chegariam com um ideal e depois se infectariam no seu habitat de trabalho? Pois por onde a maioria do povo brasileiro transita, penso que não.
Antigamente, víamos as pessoas constrangidas em confessar algum mal feito. Hoje, no entanto, o cinismo domina a cena, em protagonismo político. Não há santos nessas plagas, de que lado ou ideologia forem. É o que infelizmente estamos vendo. São demonstrações contundentes, até bizarras, de uma crença vivida por eles de que nós, povo brasileiro, somos todos ignorantes e totalmente desprovidos de lógica reflexiva. E o pior: conseguem mesmo convencer muitos da sua santidade e sentimento de profundo amor pelo Brasil.
À semelhança de alguns ilusionistas religiosos que geram o fanatismo, muitos políticos estão maciçamente e da mesma forma gerando uma adesão incondicional a causas sem guardar qualquer sentido de coletividade ou de atenção ao país. São criadores e gerenciadores, via de regra, de interesses próprios e direcionados para patrocinadores de suas campanhas. Ao povo às favas. Contorcem, distorcem a verdade, mentem mesmo, sem qualquer constrangimento.
Querem levar à cegueira que causa a paixão e fazem os fanáticos se comportarem muitas vezes de forma violenta e irracional, pois são também mestres na manipulação. Os fanáticos estão convencidos de que as suas ideias são as melhores e as únicas válidas, pelo que menosprezam as opiniões dos outros e farão de tudo pela desconstrução do que venha de encontro aos seus posicionamentos. Evidenciam memória curtíssima, pois se apropriam apenas do que pode ser usado contra o oponente, e o pior: pousam de vestais indignados diante de “perseguições” não merecidas.
O povo brasileiro se encontra perdido entre jogos de palavras e cenas, de todos os lados, e por todos os partidos, em um misto de ilusão e entorpecimento, onde se torna difícil nesta ópera-bufa saber onde se encontra, não a verdade, mas pelo menos a menor mentira. Não disputam ações em benefício da cidadania, mas sim naquilo que poderá beneficiar a poucos, em detrimento do sacrifício de milhões. Estamos vendo à nossa frente muito mais do que um país dividido, mas uma nação transmutada em um ringue de vale-tudo.
Medrado
Mestre em Família pela UCSal
Fundador e Presidente da Cidade da Luz