De há muito, eu tenho evitado ler alguns artigos, mensagens de determinados religiosos, pois elas são tão eivadas de falsa santidade, que realmente eu me pergunto como são capazes de escrever, reproduzir dissimulações com tamanha desfaçatez que extrapolam os limites da sanidade mental.
Geralmente, são pregações sobre sentimentos, emoções que nos fazem sentir no começo da evolução humana, em face de tanta magnanimidade de que se revestem, mas tudo com muita “humildade”, que até ao próprio Jesus ruborizaria.
Caberia, perfeitamente, um pensamento do escritor William Shakespeare: “Os homens deviam ser o que parecem ou, pelo menos, não parecerem o que não são.”, pois induzem muitos a achar que são pessoas tão especiais, que a humanidade que habita neles não existe. Interpretam papéis como se estivessem em uma grande ópera bufa. O pior, no entanto, é que muitos acreditam e os acham o máximo, outros se deprimem porque se sentem tão “distantes espiritualmente” desses seres, que não empreendem nenhuma renovação, como proposta espírita. Para quê? Nunca chegarão nem perto do que fulano(a) é.
Li um material recente que nos fala de um problema do qual muitas pessoas sofrem: uma total ausência de compaixão ou dissimulação de que a tem, ausência de culpa pelo que fazem, não guardam receio de serem pegos, pois se sentem muito inteligentes e com grande habilidade para manipular quem está em volta. O artigo nos remete a chamar essas pessoas de monstros, gênios malignos ou coisa que o valha, quando nos damos conta. Mas, para a Organização Mundial da Saúde (OMS), elas têm uma doença, ou melhor, deficiência. O nome mais conhecido é psicopatia, mas também se usam os termos sociopatia e transtorno de personalidade antissocial. O mesmo artigo nos sugere que não nos enganemos, pois eles não são, necessariamente, assassinos, pervertidos, pois podem estar em locais em que trabalhamos, ganhando uma promoção atrás da outra, enquanto puxam o tapete de colegas. Também dá para encontrá-los entre políticos que desviam dinheiro de merenda para suas contas bancárias, entre médicos que deixam pacientes morrer por descaso, entre “amigos”, entre líderes religiosos, que guardam em sua alma, escondido, o preceito do “faça o que eu digo, mas não façam o que eu faço”.
Em nosso meio, veremos médiuns fingindo o que aprenderam, passando como se fossem espíritos; afirmando ver, ouvir o que têm certeza que nada registraram. Conheço alguns, mas se travestem de um ar de evolução que pensam enganar a todos.
Aprendamos a reconhecer nossas limitações e trabalhemos para sermos pessoas melhores, para nós mesmos, não para a cena do mundo. Pois é, com a palavra o sábio Carlos Murion: “Sigamos sendo imperfeitos e lutemos contra o que somos, pelo menos viveremos a verdade de nossas buscas, fazendo-nos sempre almas livres do peso de exibir a fantasia que precisa ser desmontada todo fim do dia”.