Pronto! Voltam à cena os senhores caçadores de votos para as próximas eleições. A maioria começa a afivelar a sua persona – nome de uma máscara usada por atores gregos em peças teatrais, para identificar vários personagens – para buscar as cartas de recomendação – votos – dos seu empregadores – o povo. Muitos desses caçadores, no entanto, depois de eleitos passam a se sentir senhores concessores de favores, invertendo a lógica do mandato concedido, por nobreza inexistente.
Chegou a hora de fecharmos os olhos para as personalidades, em meu entendimento, e começarmos a fixar nos detalhes, no caráter, pois a firmeza moral de uma pessoa é o sinal visível de sua natureza interior. O caráter, então, está conectado ao que somos no íntimo, não tendo necessariamente ligação com o que fazemos ou agimos, pois ele é dissimulado pela persona (máscara), pois muitos agem intencionalmente modificando o que são (caráter), com o intuito do ludibrio, da bajulação, da dissimulação. Vemos, sem dúvida, muito disto na política e na religião. O caráter é a índole, a personalidade é a roupagem.
Dessa forma, busquemos as entrelinhas, as experiências vividas, os comportamentos já externados. Tenhamos a memória cidadã, que não deixa se enganar com camisetas, bonés ou frouxos risos. Há, sim, gente de caráter e comprometida, se ficarmos atentos veremos. Se é que já não temos por perto.
De um modo geral, ainda somos, como leitores, muito vulneráveis às promessas que atendam às nossas demandas pessoais, localizadas. Natural. Porém, precisamos ampliar a visão, e com base em nosso caráter buscar os que se perfilam com os nossos pensamentos e ideais, a fim de que não venhamos nos frustrar ou mesmo nos arrepender pela escolha feita com base em máscaras. Precisamos transformar a indignação em consciência, valorando o sentido do nosso voto, na direção realmente cidadã. Aprendamos com os nossos erros, e não caiamos mais em armadilhas de muitos desses lobos, em roupa de cordeiro.