Nos últimos dias, o mundo político ficou com urticária, pois o muito bem avaliado governador de Pernambuco, Eduardo Campos, fez convite de público para que a Ministra Eliana Calmon fosse a candidata do PSB ao governo da Bahia ou ao Senado.
Nessa esteira, surgem os favoráveis e os contras. Fato é, no entanto, que a Ministra possui o que mais falta no mundo político, não atingindo a todos, claro: decência e ética. É natural que tenha, pela sua saga de moralidade e respeito, contrariado muitos interesses e pessoas, o que, agora, sem ingenuidade, esses alcançados se debaterão em processo de desconstrução da imagem da magistrada, uma vez que o seu sucesso conquistado, no que tem faltado em coragem e estofo no Brasil, virou ofensa. Mas é de se esperar, pois “os bons sempre presumem bem dos outros, já os maus, pelo contrário, sempre mal, visto que uns e outros dão o que têm“. Os ataques à ideia começam a acontecer, sinais claros de preocupação.
Ora, nós, os leigos, neste profissionalismo maculado da política, vivemos reclamando dessa principal falta de virtude dos políticos, então precisamos acabar com a consideração de que este mundo não é para os homens e mulheres de bem; isso, em verdade, só faz reforçar o que Burke dizia: “para que o mal triunfe, é apenas necessário que os bons não façam nada”. Espero que a ministra repense a sua posição. Acredito que devesse considerar a convocação, pois como disse o apóstolo Tiago (4,17): “Aquele que souber fazer o bem, e não o faz, peca”. Não vejo como crível não termos opções entre o carreirismo político que só mantém o que vemos aí e um novo, como esperança de, pelo menos, tentarmos.
O leitor não é ingênuo em considerar que nesses momentos se agrupam interesses de uma ética e compadrio dos que já estão aí, fechando-se em bloco em função apenas do clube deles próprios e dos seus projetos de poder - vide o presidente do congresso -, e tudo por conta, sempre, da nossa permissão, nós, os eleitores. Espero que a Ministra Eliana Calmon seja este viés de um novo pensar na política partidária. Bons ventos.
MEDRADO ESCREVE QUINZENALMENTE NA 4a.-FEIRA