Penso que todo mundo completou o pensamento-título desta reflexão. Vamos lá: é fato que o mundo virtual há muito se tornou uma área de donos da razão, de “filósofos especialistas em tudo”, em “doutores” de política nacional e internacional, de pós-graduados em achismo, pessoa alguma duvida. É só dar uma caminhada visual rapidinha pelas redes sociais. Porém o que mais me chama à atenção é a naturalidade com que expressam “posicionamentos”, “críticas” mordazes, sem qualquer compromisso em estar fazendo o que se condena, ou seja, a velha e oportunista hipocrisia de sempre.
Vi nesses dias uma saraivada de comentários contra as doações bilionárias para a reconstrução da Catedral de Notre-Dame, em geral fazendo comparação com os países arrasados pelo ciclone – Moçambique, Malawi e Zimbábue (tragédia terrível) – que já estão esquecidos. Os críticos revoltados com o desprezo dado a esses países. Compreendo, claro. Mas, acostumado a refletir as questões humanas, por formação acadêmica e até mesmo pelo exercício da minha função religiosa, de logo, me sobressaem as questões: 1 – Certo, mas o dinheiro é de quem? De quem doou. Ok. Não é meu, nem público do meu país. 2 – Mas se fosse seu, você faria o quê? Doaria para os países africanos. Certo. Parabéns. 3 – Mas por que não doa? Ah! Não tenho tanto dinheiro assim. Mas é claro. Ok. 4 – Mas há organizações que pedem R$ 30,00, por mês, por exemplo, Médicos sem fronteiras, que fazem trabalhos como esta que trás no nome a sua ação? Também não posso. Ok. 5 – Mas você poderia encabeçar alguma campanha, para ajudar alguma instituição, à sua vista, como por exemplo o IBCM (Instituto Beneficente Conceição Macedo) que trabalha com crianças portadoras de HIV- Aids, que bandidos roubaram colchonetes, cadeiras....você pode se mobilizar com os seus amigos? (...). É disso que eu falo, você entende?
Sei que ao escrever isto, gero desconforto, aborrecimento, mas, desculpem-me, é a pura realidade. Aprendi com Josué Arapiraca, ele foi lutador de greco-romano, tinha uma academia de ginástica na Praça Sé e conduzia um centro espirita na Baixa do Bonfim, que dizia com grande propriedade: “Pregação sem exemplo é igual a cheque sem fundo”. É isso... Desculpe.
*José Medrado é líder espírita, fundador da Cidade da Luz, palestrante espírita e mestre em Família pela UCSal. Escreve para o BNews às segundas-feiras.