A lei nº 11.635/07 instituiu o 21 de janeiro como o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa. Certamente, amanhã, alguns movimentos serão levados a efeito, como forma de pontuar esta necessidade de se viver a pluralidade do crer. Vivemos, no entanto, uma sociedade calçada no faz de conta, onde os discursos e frases de efeito se estabelecem como marcas de “intelecção”, bem ao gosto de curtidas em redes sociais. A verdade, porém, é muito diversa de acharmos que o Brasil se encontra plural, no respeito às diferenças e posicionamentos nascidos das diversas formas de se viver a sua crença.
O fingir que defende se transformou em uma espécie de moral compartilhada deste mundo-Brasil, onde a maioria se diz a favor da laicidade do país, mas não vemos reação alguma aos atentados que muitos por aqui ainda sofrem por conta de sua religião, principalmente as de matriz africana. Geralmente os agressores têm muitos votos e isto intimida governos.
É sabido que este país é de controvérsia por excelência. Sou cristão, pois sou espírita, mas até hoje não entendi quando, em 2007, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) permitiu a permanência de crucifixos que ficam expostos em plenários de tribunais do país. Por maioria, os integrantes do Conselho entenderam que o uso de símbolos religiosos em órgãos do Poder Judiciário não fere a laicidade do estado. Eles avaliaram que os crucifixos são muito mais símbolos culturais e tradicionais do que representantes de uma religião específica. Por favor! Como não representam uma religião específica?
Acredito que uma vivência cidadã verdadeira nunca poderá se assentar em conveniência direcionada, especificada aos interesses que um grupo protagoniza. Uma nação para ser de todos, precisa pensar o total de sua gente, de sua história, de suas verdades. Assim, sempre o justo, em termos de cidadania democrática, será o que não se restringe, mas se abre, gerando o pertencimento de todos, sem a necessidade de brados por respeito.
José Medrado
Mestre em Família pela UCSal e fundador da Cidade da Luz