Muita gente pensa não se poder vivenciar uma fé raciocinada, com base no bom senso, na ética de pregação da sua verdade, pois valores da razão não se associam aos da fé.
Essa é a razão pela qual ainda vemos muitos pregadores religiosos divulgando conceitos esdrúxulos, apoiando-se em princípios que eles próprios não acreditam, mas pensam que vão conduzir pessoas a apreciarem suas considerações, por se tratarem de elementos de dissimulação, enganadores, que impressionam pelo místico, santificado. Ledo engano. A pesquisadora Elaine Ecklund concluiu e publicou no seu livro “Science vs. Religion: What scientists really think”, o resultado de uma pesquisa de quatro anos envolvendo cerca de 1,7 mil cientistas de 21 universidades norte-americanas de renome. Segundo a pesquisadora, os cientistas são mais religiosos do que se concebia, acreditando, ainda, que o ideal religioso deve ser o da transparência, da verdade, de um sentido lúcido e coerente. É fato, no entanto, que a maioria deles se descreveu como "espirituais" ou "com interesse em espiritualidade", embora não necessariamente tenham qualquer filiação religiosa. Por outro lado, ela chegou a encontrar cientistas declaradamente agnósticos (no sentido popular, um agnóstico é alguém que não acredita nem descrê - não nega a possibilidade – na existência de um Deus) que não viam problema algum em frequentar uma igreja.
Os números da pesquisadora mostram que, normalmente, os cientistas ateus já vêm de famílias ateístas, ou nas quais a religião não é importante (são pessoas que só lembram que são católicas, espíritas, por exemplo, quando o funcionário do IBGE vem fazer perguntas para o censo). Por outro lado, cientistas que têm convicções religiosas fortes costumam vir de famílias que valorizam esse aspecto da vida, e mesmo os que passaram por alguma crise de fé a viveram quando ainda não eram cientistas. Ou seja, percebemos que não é verdade que o conhecimento científico, verdadeiro leva à descrença, não. Isso, portanto, nos impele, principalmente a nós espíritas, a realmente acreditar que as “invencionices” mediúnicas ou que tais para impressionar, não guardam mais, nos dias atuais, a certeza de que o místico, a superstição são as “armadilhas” para se aprisionar fieis, ou gerar doutrinas compartilhadas entre as pessoas.
Concluo, por conseguinte, ratificando mais uma vez, o que vemos na prática, que não cabe mais no século XXI o estrambólico dos engodos como forma de convencimento, pois se até os cientistas já abaixam as suas cabeças à possibilidade de uma fé, ainda que não uma religião, porque muitos ainda acreditam que não podem associar os dois princípios de vida: ciência e religião?
Vamos, então, apartarmos da ignorância, nós espíritas, não continuando na prática malsã de creditar tudo a espíritos, sua interferência, suas causas. Aprendamos a viver um Espiritismo mais consciente, verdadeiro, sem fanatismo.