Chegou-me, por e-mail, uma informação de que o deputado Michel Temer teria dito que nunca foi a Centro Espírita, porque foi criado em uma força cristã. Naturalmente, fui pesquisar, não acreditando, de pronto, no fato de um e-mail falar e sair por aí afirmando a mesma coisa. Vejo que falta, inclusive, em muitos jornalistas, permissa vênia, a preocupação com a averiguação da notícia, da informação, a fim de diminuir este clima de boataria que está entranhado na nossa cultura, em especial neste momento de reta final de eleições.
Efetivamente, encontrei em uma página evangélica, pois no Youtube foir retirado. Mas, fazendo a pesquisa no Google para o tema, fui remetido ao Portal Padon, onde pude ver, em um vídeo, a entrevista ao blog Folha Evangélica de Brasília, na quinta-feira dia 07 de outubro, o deputado federal Michel Temer ao ser perguntado se já teria participado de algum centro espírita ou de umbanda, respondendo: “Não… Desde a minha infância, eu fui criado e cresci com uma grande força cristã. Sou católico… E o que eu mais frequentei no estado de São Paulo foram as igrejas evangélicas…”. O que quis dizer com força cristã?
Naturalmente, que aqui não guardo nenhuma restrição ao deputado por não ter frequentado Centro Espírita ou de Ubanda, de forma alguma, defendo, sempre, vivamente a laicidade do nosso país. Não posso, todavia, deixar de registrar por dever apenas de informar, sem qualquer cunho político, mas analista, ou pretenso, das questões humanas e sociais, a minha preocupação quando um postulante à vice-presidência da república, que poderá, a qualquer momento, se eleita for sua chapa, exercer a presidência, fazer um comentário tão desprovido de conhecimento, de forma tal que até parece que nós espíritas ou mesmo os ubandistas não somos cristãos, ou, na prior das interpretações, não temos força cristã. É lamentável. É muita desinformação para quem postula o que postula. Porém, como estamos vendo as conveniências ditando ideologias, é possível que daqui a pouco ele seja orientado pelos seus assessores a ser mais, digamos, flexível em suas considerações.
Fico imaginando o que ele falaria do Candomblé, mas aqui é pura ilação, especulação.
Fico realmente preocupado quando vejo candidatos fazendo juras de amor a determinados segmentos religiosos, em detrimento de outros, principalmente para o mandatário maior da nossa nação, que não guarda religião oficial alguma desde a promulgação da Carta Magna em 1988. É como se fosse uma releitura do voto de cabresto, mas em sentido inverso, ou seja, não mais do coronel para os seus mandados, mas, na nova versão, é de grupos religiosos para o que quer votos. Tudo muito triste, em se tratando de democracia. Isso não quer dizer que o candidato iria renegar a sua profissão de fé, mas deveria, com letras garrafais, estar nestes momentos pregando o respeito a todos os credos, a todas as religiões, como forma de combater a intolerância, inclusive depois do advento do Estatuto da Igualdade Racial e Combate à Intolerância Religiosa.
José Medrado
Mestre em Família pela UCSAL
Fundador da Cidade da Luz