Evito considerar aspectos religiosos neste espaço, posto que há uma coluna específica para isso, neste jornal, da qual me orgulho de ser também um dos seus signatários. No entanto, não pude me furtar em refletir acerca da intempérie fundamentalista evangélica abraçada por alguns segmentos da igreja reformada.
Fato que se evidenciou inexorável quando, no último domingo, aqui mesmo, em A TARDE, no Espaço do Leitor, pude ler dois depoimentos de evangélicos se contrapondo a direitos cidadãos em voga discursiva na mídia. Um falando de apologia midiática à homossexualidade, textualizando, inclusive que "somos a geração que não se acovarda em afirmar sua fé em seu Deus". O outro, em defesa ao senhor Feliciano, vaticina: "Aprovo a defesa que o congressista Feliciano faz das suas posições no plano religioso-moral, em consonância com a Bíblia".
Ora, ora, quando falamos de cidadania, não devemos, seja qual for a religião abraçada, imaginar que todo um país deve se submeter à profissão de fé que temos, aos princípios teologais que cinjamos. A esses compêndios, que cada um se reserve aos púlpitos onde pessoas crentes, simpatizantes ou curiosas possam buscá-los para esse fito, seja nos templos ou nos espaços que verdadeiramente são usados para tanto; eu, por exemplo, defendo o que quero, e ouve, busca quem quiser. Dessa forma, imaginar que um pastor com visão oblíqua do mundo possa gerir uma comissão que deve encarar defesa de princípios que sejam de cidadania geral, sem exclusão de qualquer natureza, é um desserviço ao ideal democrático de igualdade de todos diante da lei dos homens, que devem servir para disciplinar a sociedade e somente elas. É extremamente perigoso, entendo, o estabelecimento do fundamentalismo religioso, na imposição de qualquer princípio dogmático de fé, para conduzir direitos cidadãos a uma nação que, inclusive, em suas fileiras, tem ateus.