Há uns dias, precisei ir a um salão para consertar um defeito que tinha ficado no corte de cabelo que foi feito em um outro salão. Saí a esmo à procura. Soube que no Shopping Estrada do Coco tinha um lugar, cheguei cedo, um sábado, no salão indicado por um segurança. Um senhor estava acabando de cortar o cabelo de um jovem.
Dei bom-dia e aguardei. Quando chegou a minha vez, queixei-me: gostaria que o senhor consertasse este corte que me fizeram, pois ficaram muitas pontas, em cima muito grande. O senhor de nome Antônio olhou de um lado, olhou do outro, - percebi que não me conhecia - e começou o acerto, dizendo: "Não, não foi mal cortado, não, senhor. Só está um pouquinho grande aqui”,- e foi acertando onde ia apontando. Ao final, perguntei quanto era e, enfaticamente, afirmou que não seria nada; mesmo com a minha insistência, ele reafirmou que não cortou o cabelo e, o que fez, não justificava me cobrar. Dei a metade do que vi na tabela de preço.
Saí feliz por encontrar um "seu" Antônio naquela manhã de sábado, exemplo de ética e retidão. Foi-me mais um exemplo de um anônimo que dignifica o ser humano, nesses dias de falta de tudo, principalmente de ética. O "seu" Antônio não quis detonar um colega que sequer sabia o nome, muito menos conhecia, pois nem o lugar onde cortei noticiei, isso já seria o suficiente para evidenciar o seu caráter, mas ainda agiu com justeza, avaliando que não caberia me pedir nada. Nesse aspecto, até discordo, pois ele teve o trabalho dele, mas, enfim, no bojo dos seus valores, pensou que não.
É possível que alguns dos leitores vão ver intenções secundárias no "seu" Antônio, pois hoje em dia se duvida de tudo e todos. Eu vi dignidade e valores que se escasseiam na nossa sociedade
Quero encontrar mais brasileiros como esse, exemplo lídimo da nossa gente, não alguns que se autodenominam representantes do povo.