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Criou-se nas relações institucionais, entre governo e entidades filantrópicas, um equívoco de há muito, onde estas se posicionam como devedoras daquele, em uma espécie de submissão para não sofrer retaliações. Medo mesmo. Estabelece-se, assim, uma espécie de cultura do por favor, muito obrigado, ajude-me aí, como se, efetivamente, o cumprimento das obrigações de governo fossem apenas para os compadrios. É preciso mudar esse tipo de servilismo.
As instituições filantrópicas precisam aprender a reagir com a dignidade que suas ações credenciam, diante de uma sociedade tão carente de tudo e o poder público o, não raro, não se faz presente, pelo menos como deveria.
Reporto-me a isso , em face de uma consideração que um amigo me fez, dirigente de uma instituição filantrópica, quando da minha insistente e pertinente cobrança ao governo do Estado da Bahia, pelo meu programa de rádio na Metrópole, do pagamento da premiação do Sua Nota é um Show de Solidariedade, que desde janeiro não repassa um centavo. Disse esse amigo, com receios, que as minhas cobranças poderiam irritar o governo e aí ele “pirraçaria” para o repasse. Ora, ora, é uma total inversão de valores, o governo da Bahia é o devedor, tem obrigação do repasse, e nós de cobrar, inclusive por conta do compromisso social que temos, em satisfação aos que amealham em grande trabalho as notas, os cupons fiscais.
A premiação é tão baixa, mas que representa grande ajuda aos que lutam sem apoio quem merecem. Pessoalmente, quando vejo alguém do governo dizer que, apesar dos problemas financeiros, o estado da Bahia está com as suas finanças saneadas, eu rebato: está não, pois se encontra em dívida com centenas de instituições na Bahia.
Há visível intenção de se acabar com o programa, o que é um absurdo, e entendo como retrocesso no processo de educação tributária que se ensejou, gerando com que a população cobrasse a sua nota, o seu cupom fiscal para oferecer à instituição de sua simpatia e ou vinculação.
José Medrado
Mestre em Família pela UCSAL
Fundador da Cidade da Luz