Não é de muito que sei, como fundador e dirigente, ao lado de abnegados amigos, de uma instituição religiosa e social que atende a dezenas de milhares de pessoas por ano, que a lida com os poderes públicos é realmente penoso, principalmente quando os seus dirigentes não têm alinhamento político partidário. Quando há esta cooptação e ou interesses pessoais, familiares aí tudo flui e é fácil. Pessoalmente, abri mão, na Cidade da Luz, destes convênios públicos e sei também, por este lado, a luta pela sobrevivência que é. O pior, no entanto, é quando as instituições precisam e buscam este apoio financeiro, e este, mesmo não sendo a priori do poder público, não chega. Falo da demora no repasse de mais de seis milhões de reais oriundos da renúncia de imposto de renda de pessoas físicas e de empresas, que financiariam 30 projetos habilitados pelo CMDCA (Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente).
No lançamento do edital houve pompa e circunstância por parte da prefeitura de Salvador, na presença do prefeito ACM Neto e até da representante do Unicef em Salvador, em maio de 2018, pois é... as instituições que atenderam ao chamamento público até hoje não viram um só centavo deste dinheiro. A responsabilidade deste repasse está na alçada da Secretaria Municipal de Políticas para Mulheres, Infância e Juventude (SPMJ), que nomeou o atual gestor, Marlos Carvalho.
Entendo que se já é tão complicado e dificultada a participação verdadeira e efetiva do Poder Público no auxílio a estas instituições sociais, que pelo menos não atrapalhe, e faça chegar o dinheiro que não nasceu de ações públicas de per si, e sim, repito, de renúncia fiscal de devedores do imposto de renda. Esse pessoal não sabe, nunca vivenciou o dia a dia de quem faz trabalho social sério, razão pela qual, entendo, não respeita quem os desenvolve com dedicação e compromisso.
*José Medrado é líder espírita, fundador da Cidade da Luz, palestrante espírita e mestre em Família pela UCSal. Escreve para o BNews às segundas-feiras.