Todos sabíamos que Neymar, como todo craque, seria perseguido em campo para evitar as suas jogadas desconcertantes e diferenciadas. Fiquei, no entanto, me perguntando se só seria por isso? Vi, então, o empurrão que o jogador camaronês deu no craque, de forma gratuita, sem qualquer lance com a bola. Ali tinha mais do que marcação: parecia raiva, talvez pelo que ele representasse de sucesso, brilho. Pergunto-me se não foi o mesmo com o colombiano? Ele foi no mínimo desleal.
Postei minha opinião em uma rede social, houve milhares de manifestações e compartilhamentos. Alguns poucos disseram ser confronto normal de jogo, houve quem dissesse que Neymar mereceu e até quem achasse que eu devesse falar do acidente em Belo Horizonte e não o que aconteceu com um jogador rico, que teria o melhor tratamento possível. Como sempre, também, apareceram os evoluídos de plantão, pedindo que não julgássemos, que não isto, não aquilo...
Falta à nossa sociedade, entendo, pensar as suas próprias vísceras, a fim de se criar a cultura da análise avaliativa de tudo que está acontecendo no seu cerne, que se evidencia de forma óbvia ou não, pois é assim que se constroem parâmetros de civilidade e condutas.
É fato, o brilho atrai a inveja, e ela pode gerar ciúme e raiva. Há a inveja estimulante, que inspira imitação. Mas há a inveja destrutiva que sempre vem acompanhada de sentimentos comparativos que atordoam o invejoso, e aí, na falta de autocensura, passa a valer tudo contra o seu alvo. No primeiro momento o invejoso difama, calunia e evidencia do que é capaz, mas quando a inveja se materializa surge a necessidade de eliminar o brilho incômodo do invejado.
E não se engane: a inveja pode estar entre familiares, amigos, colegas, pois, à medida que você faz mais sucesso, tem mais êxito, surgirão os inimigos espontâneos, querendo tirar o seu brilho, seja ele do tamanho que for. “O invejoso é um caçador, querendo abater o alvo da sua inveja”, para ter “paz” em seus incômodos.