Parece que os lidadores com o Espiritismo se esquecem que a pauta para a vivência da doutrina são as obras de Kardec, onde se depreende que o ali não contido, tendo as ciências como referências, é válido, o contrário não.
Razão pela qual não se pode, por exemplo, creditar que as reuniões devam ser conduzidas iguaizinhas ao que João, Pedro ou sei lá quem fazem, uma vez que não existe um manual, na codificação, indicador de procedimentos do tipo par e passo, nem tampouco o que se pode ou não usar em tais momentos. O bom senso é sempre a avocação para os feitos, lembrando, em verdade, que bom senso não deve ser pautado pelo o que acham os bam-bam-bans. Claro que não. Todavia, precisa-se ter muito cuidado com as modificações históricas, ou informações novas que até então nunca foram bafejadas por qualquer fonte científica, sob o crivo de se tornar um devaneio, enganação ou atributo de vaidade extrema do “médium” veiculador de tais “revelações”.
Em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Kardec, em sua introdução, ressalta a necessidade do cuidado com a universalidade do aspecto das revelações espíritas, ou seja, o conhecimento novo trazido surge simultaneamente em diversos pontos do globo, através de diversos médiuns, não apenas de um. A isso se deu o cuidado de não se gerar o personalismo, ou o desvirtuamento do conhecimento com base em um único instrumento.
Dessa forma, não se pode, entendo, por exemplo, levantar aspectos supostamente históricos, sem que, de fato, a história, como ciência, vaticine. Poder-se-á até aprofundar, mas “revelar” não guarda, pelos princípios da doutrina, compromisso com a seriedade e ou coerência com a prática real espírita.
Não falo aqui, claro, de modus operandi das instituições, de seus médiuns, de oradores, mas de tudo que possa bater de frente com qualquer ciência estabelecida, ou seja, “revelações” sem a comprovação acadêmica de qualquer natureza. Perde-se em credibilidade, o que se faz em fantasia.
Ao invés de muitos se aterem à forma, à estética de pregações ou o que valha, deveriam debruçar em críticas não corrompidas de obras que invadem o mercado espírita sem qualquer critério, lembrando que todos os médiuns são falíveis em sua tarefa, seja ele quem for.
Não será porque o espírito A venha e diga que o Brasil foi descoberto por Colombo que se vai apagar a história e recontá-la. Absurdo! Mas, hoje em dia, se tem visto muito isso, através de diversos médiuns: uma espécie de recriação da história, com invencionices sem qualquer amparo científico.
Não percamos tempo com discussões que não acrescentam valor de saber aos interessados pelo Espiritismo, mas fiquemos vigilantes aos que vêm com conceitos e fatos estranhos ao que se sabe no mundo das ciências estabelecidas.
Eu posso até discordar de um entendimento contido na codificação, mas embasarei a minha discordância em qualquer ciência humana estabelecida, mas não seria ético eu criar um fato, um princípio que não tem parâmetro em coisa alguma, salvo em minha imaginação.