Não preciso trinchar o significado do título do presente, pois assim que se lê, automaticamente, a sequência do enunciado ecoa na memória. Pois é, o ser humano insiste neste princípio de cuidados. Recentemente, vimos artistas, produtores de arte em manifestações por todo o território nacional contra a extinção do Ministério da Cultura.
As alegações eram, de fato, justas. Algumas possivelmente por própria conveniência, mas, no geral, argumentos válidos. Gostaria, no entanto, por outro lado, de ver o mesmo clamor desses fortes formadores de opinião, grandes mobilizadores sociais, fazendo eco contra outros tantos descalabros que maltratam, tiram a dignidade da gente mais sofrida, e tão desesperançosa.
Permita-me, relato próprio, mas penso necessária esta ponderação: já vão quase quarenta anos que luto, ao lado de companheiros, pela realização de um processo de minimização do sofrimento dessa nossa gente que busca, e sempre buscou, atendimento médico, odontológico de qualidade, sem humilhação e pouco ou quase nunca encontra. As possibilidades de auxílio têm piorado e muito. É uma luta inglória, principalmente para quem não guarda coloração partidária ou ideologias subjetivas, posto que a ação difere, e muito, das considerações acadêmicas desses fazedores de “políticas públicas”.
Os abrigos, por exemplo, reclamam, mendigam auxílios governamentais, e só acham cobranças, enrolações, regramentos, geralmente sem sentido... Órgãos e ou pessoas para lutarem pela causa, quase nunca. São imposições sobre imposições. Falam os teóricos governamentais em discursos e propagandas sobre uma rede de auxílio aos abrigos-orfanatos, quimeras, nada mais do que quimeras. E assim seguimos, os que tentamos fazer algo sem interesse algum, a não ser de servir ao próximo, angustiados, sem eco em nossas reclamações. Seria tão bom se esses artistas, em geral, lembrassem também dos que necessitam, mas é Lei de Murici. Ah! Eu não sou vermelho, azul, amarelo... sou furta-cor.