FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO

Morreu um homen de bem

Não resta dúvida de que é redundância comentarmos que estamos vivendo uma grande crise de valores morais e éticos. O poder se estratificou sobre bases de um vale tudo sem precedentes. Hoje, de uma forma geral, vemos que ter poder significa trapacear, desviar recursos públicos, vilipendiar valores da talha do caráter. O poder se mede pela força econômica, pelo gatilho, para muitos, dos trambiques e maracutaias de todas as procedências.

Os propugnadores dessa forma de poder quando morrem são esquecidos, ou, quando não, deixam no ar, lamentavelmente, uma espécie de “já foi tarde”. Porém, há sim, e muitos, os que constroem um inabalável poder sem ter riqueza ou falsa fama, mas que se estabelecem como referência de humanidade, retidão e dignidade, e estes quando morrem nos levam a um sentimento de perda não apenas dos abraços e apertos de mãos, mas de valores, em uma espécie de empobrecimento da humanidade.
   
Morreu um homem de bem. No último sábado, partiu o professor Benedito Araújo, meu mestre e de muitos que foram alunos do Colégio da Polícia Militar e da Academia da mesma corporação. Professor de todos os comandantes-gerais que a Polícia Militar teve até a presente data e desde há muito. Dono de invulgar ironia, modelo de austeridade sempre dosada com fino humor.
   
Através desse homem de valor e cultura sólida, conheci o espiritismo há 34 anos, oportunidade em que pude sentir de perto a perseguição da intolerância religiosa por parte de um capelão católico neurótico, que não aceitava ter nos quadros da Polícia Militar um professor espírita, que há algum tempo largara o seminário, depois de 11 anos, para constituir família, nem alunos que pudessem se envolver com “tais coisas”. 
   
Morreu um homem de bem. Homenagens as prestei o quanto pude em sua vida, em preito de gratidão e admiração que essas almas nos arrancam com a sensibilidade de uma aurora, que chispa para longe as brumas da ignorância, fazendo-nos, aos que conviveram com elas, em algum momento, reconhecer o verdadeiro valor-poder que se pode ter neste mundo: o da honradez. Ou no melhor dizer dos da sua época: “O poder de andar com a cabeça erguida”.

José Medrado
Mestre em família pela Ucsal e fundador da Cidade da Luz

José Medrado
Mestre em Família pela UCSAL
Fundador da Cidade da Luz

 

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