Sou contra a pena de morte, a Declaração Universal dos Direitos do Homem, das Nações Unidas, de 1948, distingue a vida humana como o bem de maior valor absoluto. O brasileiro Marco Archer caiu sob a pena capital, consternando a muitos. Reflitamos, no entanto, assegurando que erro algum se justifica pagar com a vida, mas naquele país muçulmano tráfico de drogas, sim. É lei, é sério, paga-se mesmo.
A vida é composta de incessantes ciclos de causa e efeito. Archer, lamentavelmente, buscou esse caminho, como bem fica claro no que disse ao repórter Renan Antunes de Oliveira, que o entrevistou em 2005, durante quatro dias, numa prisão na Indonésia. Alguns ditos de Archer: “Sou traficante, traficante e traficante, só traficante”. “Nunca tive um emprego diferente na vida”. Marco sabia as regras do país, quando foi preso no aeroporto da capital Jacarta, em 2003, com 13,4 quilos de cocaína escondidos em sua asa delta. Ele morou na ilha indonésia de Bali por 15 anos, falava bem a língua bahasa e já havia traficado para lá outras vezes.
A paradisíaca Bali é um dos principais mercados de cocaína do mundo. O quilo da coca nos países produtores, como Peru e Bolívia, custa US$ 1.000. No Brasil, cerca de 5.000. Em Bali, a mesma coca é negociada a preços que variam entre US$ 20.000 e 90.000, dependendo da oferta. Em temporada de escassez, por conta da prisão de vários traficantes, o quilo chega a US$ 300.000. A cocaína que ele levava tinha sido comprada em Iquitos, no Peru, por US$ 8 mil o quilo, bancada por um traficante norte-americano, com quem dividiria os lucros se a operação tivesse dado certo: a cotação da época da mercadoria em Bali era de US$ 3,5 milhões.
Sou humanista, acredito no arrependimento e no valor da vida, mas não posso deixar de registrar que brasileiros inocentes, que buscam apenas viver dignamente estão morrendo, em portas de hospitais sem atendimento médico, dentre outros. Indignemo-nos também com esta pena de morte.