FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO

Nada vai mudar

Em 1990, quando o filme “Ghost” - Do Outro Lado da Vida - foi lançado, ouvia-se por todos os lados as demagogias espíritas de que os Centros precisariam se preparar para a avalanche de pessoas que iria buscar as instituições espíritas. Os organismos federativos pregavam muito tal possibilidade, inclusive como forma de emplacarem os seus “cursos”, seminários para dirigentes espíritas. Bobagem, tudo ficou como sempre foi.

Agora, também, com o mega-sucesso do filme Chico Xavier e, possivelmente, Nosso Lar que, infelizmente, não pude ir à pré-estreia atendendo gentil convite da Federação Espírita do Estado da Bahia, outra vez ouço o barulho desta onda, em afirmações iguaizinhas àquelas do passado. Continuo achando bobagem tudo isso. Não haveremos de ver um incremento na movimentação das casas espíritas, se continuarmos a ter um Espiritismo feito para espírita, em atividades voltadas apenas para os já profitentes. Como já disse aqui, este tal fora do IBGE, em chamar os seguidores do Espiritismo de kardecistas foi um sinal emblemático de que a nossa divulgação está muito para nós mesmos, sem a preocupação com o público em geral. Naturalmente, tal situação é muito do gosto dos que se sentem cardeais, donos do movimento espírita, pois assim continuam “cativos” e no beija-mão os mesmos de sempre, os já acostumados a pensar por suas “lideranças”. Quem nunca ouviu em sua Casa a expressão, “não fazemos questão de quantidade, mas sim de qualidade”? Pois é, mas a questão não é de número para engrossar estatística, mas de ampliação do universo de auxílio aos que sofrem por não compreenderem os processos da vida, e a nós cabe a obrigação de levar tal consolação.
 
Continuo batendo na tecla de que o nosso problema é de forma, não de conteúdo. Todavia, a mentalidade vigente, não sabendo distinguir uma coisa da outra, se arrepia ao simples toque de mudança da forma engessada de há muito se passar a doutrina, de gerar atualização de procedimentos na casa espírita. É fato, então, que nada vai mudar, pois, enquanto não se tiver um compromisso com a modernização dos modelos, tudo continuará parado, tendo apenas bonitas teorias disso e daquilo.
 
Quando se pergunta, por exemplo, a um jovem o motivo pelo qual deixa de ir à casa espírita, a resposta é sempre a mesma: é chato, é sempre a mesma coisa. Quem dará seguimento a tudo que até aqui foi construído? Morreremos, e morrerá conosco o ideal espírita também? Desde que eu era jovem, já se concebia que jovem só servia para fazer teatrinho, apresentaçãozinha artística e mais nada. Continua igual. É raro o centro que tenha jovens à frente de relevantes tarefas. É um medo terrível que se tem de ser substituído. 
 
Nós, os de mais tempo no movimento, precisamos entender que tudo passa, inclusive o nosso tempo de semeadura, devendo caber às novas gerações este mister, e a nós, as ponderações da experiência, adquirida na fornalha, muitas vezes, da própria incompreensão, ciúmes dentre outros dos nossos pares de religião.

José Medrado - Mestre em Família pela UCSAL e fundador da Cidade da Luz.

 

José Medrado - Editorial

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