A Bahia, o Brasil em festa, em uma espécie de orgulho nacional pelo amor, pela caridade...foi a canonização do Anjo Bom da Bahia, irmã Dulce, agora Santa Dulce dos Pobres. Mesmo os ateus, certamente, renderam homenagens se não por uma santa, mas, sim, por uma mulher que soube se agigantar no bem, no trabalho aos pobres e necessitados. Santa Dulce dos Pobres é uma dessas raras unanimidades. Mas o presidente da República não foi ao Vaticano, por conselho de sua jovem, bela e “terrivelmente evangélica” esposa, como gostam de se autorreferirem.
Acumulam-se as incompreensões diante de palavras, atitudes do presidente Bolsonaro, que em discurso de posse afirmou que seria presidente de todos os brasileiros, mas a sua realidade não ratifica as palavras. Fala tanto contra o que ele conceitua de ideologias, mas cede, proclama a todo instante a sua religião, mesmo sendo presidente de um país laico e como garantiu: ser um presidente de todos. Todos temos o direito, sim, de cultivar qualquer ou nenhuma religião, mas, penso, que quando se representa uma nação, em obrigação de Estado, cede-se às exigências de fórum íntimo para assumir os compromissos a que se busca por opção, em satisfação à vontade de uma grande maioria.
Em verdade, considerando que cerca de pouco mais de 22% dos brasileiros são evangélicos, ainda que e sempre em crescimento, não representam força eletiva para reeleição de um presidente, razão pela qual não se entende a insistência de ser “terrivelmente evangélico” do presidente, em um país que sempre buscou um caminho de respeito à diversidade religiosa.
Por outro lado, no entanto, pensando bem, e revendo a imagem do presidente ajoelhado diante do bispo Edir Macedo, para ser por ele ungido... me pergunto por que tão religioso por um lado, não poderia ser, pelo menos, simpático e compreensivo no entendimento aos milhões de outra religião? Seria tão cristão.
*José Medrado é líder espírita, fundador da Cidade da Luz, palestrante espírita e mestre em Família pela UCSal. Escreve para o BNews às segundas-feiras.