De grande inspiração e motivadora a série de A TARDE – Olhar social, que vem destacando trabalhos voluntários, em especial em nossa terra. Infelizmente, os brasileiros podem ter a fama de ser solidários e generosos, mas as pesquisas não têm retratado mais esta convicção.
O Brasil está entre os países com menor engajamento voluntário, ficando em 123º em um ranking de 146 países, com nota 23, em um total de 100, segundo Relatório dos Países Mais Generosos, do instituto de pesquisas Gallup, de 2018. Os três mais solidários são os Estados Unidos, Mianmar e Nova Zelândia, observando que o segundo lugar está entre os mais pobres do mundo. Em igual sentido foioresultado conhecido como o ranking global de solidariedade, o World Giving Index que avalia o nível de solidariedade de 146 países. No ano passado, foram entrevistadas 150 mil pessoas e o Brasil teve seu pior desempenho registrado.
O país saiu da posição de número 75 e foi parao122º lugar no ranking. Nós que estamos à frente de instituições filantrópicas temos percebido ao longo das décadas um crescente desinteresse para com o trabalho voluntário, sobretudo dos homens. As mulheres guardam mais empatia e disposição para o serviço. Os jovens também estão ausentes do serviço de ajuda, amparo ao próximo, como nunca estiveram. Lamentável.
Não há a compreensão de que o maior beneficiado do ato de se doar, não é, necessariamente, quem recebe a doação, mas quem a dá, pois gera a satisfação de se sentir útil. E não se trata, é bom dizer, de uma questão apenas atinente à religião, mas também à cidadania. O americano Allan Luks, considerado um dos principais especialistas em estudos acerca do trabalho voluntário, afirma que há como recompensa desta ajuda aos outros enormes benefícios para a saúde física e emocional.
São diversos os estudos por ele conduzido sobre os benefícios proporcionados pelo altruísmo do trabalho voluntário, porém um dos mais representativos foi o que deu origem ao livro The Healing Power of Doing Good: The Health and Spiritual Benefits of Helping Others (O poder curativo de fazer o bem: os benefícios espirituais e à saúde em ajudar os outros), em que entrevistou mais de três mil voluntários para entender o bem-estar físico e emocional que se estabelece em quem é solidário. Concluiu que há uma clara ligação entre fazer o bem e terobem de volta, oportunizando grande bem-estar geral, bem como estabelecendo maior ajuste aos problemas da vida. Essas pesquisas concluíram que os participantes tiveram um aumento de uma agradável sensação, prazerosa mesmo, após realizar ações filantrópicas. E, consequentemente, apresentaram uma redução em seus níveis de estresse e maior equilíbrio emocional. (R)
José Medrado Mestre em família pela Ucsal e fundador da Cidade da Luz