FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO

O Espiritismo emperrou?

Quando Allan Kardec sentenciou que: “O Livro dos Espíritos não é um tratado completo do Espiritismo; não faz senão colocar-lhe as bases e os pontos fundamentais que devem se desenvolver sucessivamente pelo estudo e pela observação". ( Revista Espírita, Julho de 1866 ), é certo que falara do dinamismo da doutrina, em seu processo constante de se autoatualizar sem, contudo, naturalmente, perder os seus princípios básicos. Infelizmente, no entanto, isso não é verificado, quando se percebe que o seu movimento, de um modo geral, se mantém na mesmice de seu gesso de sempre.

 

Constato tais assertivas da inércia, da inanição do movimento, mesmo com todas as fontes de comunicação que se tem hoje em dia, quando viajo ao exterior, principalmente à Europa, em divulgação da doutrina. Há mais de dez anos, tenho estado em diversos países a convite de inúmeras instituições espiritualistas, não necessariamente espíritas. Nesta última mesma que fiz, dos seis países visitados, somente um foi a convite do Espiritismo, porque tenho priorizado as agremiações espiritualistas. Por quê? Em verdade, é porque, infelizmente, Espiritismo na Europa à exceção de Portugal e Espanha, este último bem capenga, não existiria se não fosse pela presença de brasileiros, que com denodo buscam a realização de seus trabalhos, mas, infelizmente para a doutrina e felizmente para os seus envolvidos, se tornam tais agremiações em encontros de brasileiros saudosos, em número reduzidíssimo e, quando se tem os nativos do país, não passam de 3 ou 5, razão pela qual tenho devotado mais cuidado a esses convites não espíritas, inclusive porque os espíritas brasileiros já sabem o que sei. Que divulgação é esta para quem já conhece? Não penso que de fato seja, talvez sim reforço de conceitos, reciclagem de conteúdo, mas divulgação espírita... não vejo assim. Então, como dizia, tenho feito trabalho para os nativos, onde ao contrário dos grupos espíritas, raros são os brasileiros, geralmente não há. Tenho, então, visto como esses grupos crescem e se renovam, buscando novas motivações aos seus seguidores.

É curioso como vivencio, no Arthur Findlay College (uma escola de formação de médiuns britânicos), a cada ano que vou, um envolvimento entusiasmado dos participantes, querendo saber sobre os conceitos espíritas, a sua fenomenologia. Empolga-me a alegria desse pessoal em descortinar o novo, em questionar, principalmente sobre reencarnação e nosso entendimento do que é carma.

Confesso que fico com uma frustração quanto à causa espírita, pois se instituiu até à revelia do mestre de Lyon, como iniciei o presente artigo citando o seu pensamento, uma visão monolítica sem chance ao prosseguimento do fluir das ideias, da discussão dos conceitos; quebra-se o encanto atrativo para os novos, pois, no mundo dos chats, não cabe mais ditames de conceitos sem a flexibilidade para o contraditório. Vão sumindo os grandes pensadores, dialéticos Deolindo Amorim, Herculano Pires, Jorge Rizzini, Abel Mendonça, Carlos Bernardo (este último brigou comigo, mas reconheço o seu valor), e o movimento vai perdendo o seu brilho de discussão, de estudos e ensaios. 

José Medrado
Mestre em Família pela UCSAL
Fundador da Cidade da Luz

 

José Medrado - Editorial

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