Nesse domingo, o craque Neymar foi expulso após ter dado um tapa no zagueiro espanhol Álvaro González, a quem acusou de racista. Foi nos minutos finais do jogo Paris Saint-Germain para o Olympique de Marselha, no qual perdeu de 1 x 0. O atleta em sua conta no twitter reclamou com palavras fortes a sua expulsão, inclusive considerando que o VAR não foi consultado. Milhares dos seus milhões de fãs exultaram em apoio ao atacante, mas o fato é que Neymar, pelo revide físico, pode receber até sete jogos de suspensão, segundo os regulamentos da liga francesa e o acusado de racista até 10 partidas.
Independentemente, no entanto, da reação a um crime que está se banalizando nos campos, e certos de que, muitas vezes, o ser humano reage de forma que poderia não imaginar que questionado teoricamente, contudo a força da sua indignação perde potência em função do revide físico. Será que se o seu time estivesse ganhando, seria também esta a sua reação? Aqui não transijo com o absurdo do racismo, que estruturado em nossa sociedade, ainda sofre deboches e tentativas de desconstrução conceituado como mimimis. Isso sim também é repugnante: desqualificar humilhações e segregações a quem as sofre.
Talvez Neymar esteja agora, mais velho, revisitando os seus conceitos, haja vista que quando tinha 18 anos e atuava pelo Santos, o craque deu entrevista à jornalista Sonia Racy, do Estadão, quando veio a incômoda pergunta: “Já foi vítima de racismo?”. O atleta respondeu: “Nunca. Nem dentro e nem fora de campo. Até porque eu não sou preto, né?”. Era a imaturidade falando e talvez um processo de autodefesa, por outro lado ele foi muito cobrado por não ter dito nada sobre o mundial movimento Black lives matter, Vida negras importam.
Após o que o atleta postou uma imagem totalmente preta em sua conta no Instagram acompanhada da mensagem: "Black lives matter #blackouttuesday". Na foto seguinte ao quadro preto, Neymar postou uma tatuagem que tem em um dos braços, na qual e lê a palavra fé. Ele já teve outros momentos de dissabor ao passar pela situação infame do racismo, mas não reagiu com firmeza, porém agora foi ao outro extremo.
Mesmo sendo aclamado pela reação, repito, por parte de milhares de fãs, não podemos estimular, assim sinto, a lei taliânica de olho por olho, dente por dente, lembrando Gandhi que dizia que “assim o mundo acabará cego”. O calor do momento, não pode justificar ações que poderão também gerar danos nocivos bumerangues à vítima.
José Medrado, líder espírita, fundador da Cidade da Luz, palestrante espírita e mestre em Família pela UCSal. Também é apresentador de rádio.