No último domingo meu celular apitou algumas vezes com mensagens de pessoas me desejando feliz dia do amigo, nem lembrava. Algumas mensagens de fato eram pessoais, outras eram apenas repetidoras do tal copiar e colar geral, que se faz nesses celulares, que eu não tenho a menor ideia de como é feito, mas é algo que vai para todo mundo que está na sua lista de telefone. Apenas de valor protocolar.
Aristóteles dizia que a amizade "é uma alma em dois corpos", mas notamos que esta alma parece que não anda muito a fim de se dividir. Nestes dias de redes sociais e celulares de última geração, as pessoas não têm se dado ao trabalho de buscar, de conversar, pois é um tal de curtir e compartilhar sem mesmo ter noção do que faz. O chavão é real: com tanta facilidade de se comunicar, as pessoas estão tão distantes.
Recentemente, estava em casa de uma amiga, onde o filho, do quarto, mandou um whatsapp informando que não iria jantar conosco. Eu observava, ela respondeu: “OK”. Tudo de uma forma tão natural, que me choquei comigo mesmo, pois para mim nada daquilo soava natural, ainda que muito tecnológico.
Será que de fato as emoções do século XXI só serão as passadas pelos aparelhos? Será que as pessoas se sentem felizes e preenchidas com essa forma nova de se relacionar? Essas ferramentas são ótimas, claro, mas penso que não substituem os apertos de mãos, os abraços, os beijos.
Essas figurinhas representativas de afetos e sentimentos, os tais "emoticons" não podem substituir uma palavra dita, uma emoção passada com verdade. Ou talvez eu é que esteja no passado, mas ainda penso que tudo pode ser usado, sem, no entanto, desprezar o contato, o real.
A tecnologia talvez tenha nos tornado mais protocolares e cada vez menos amoráveis, pois o que vale será sempre o rápido, o instantâneo, pois não temos tempo a perder como pessoal. Ficamos no virtual, pois pode dissimular, inventar, mentir e não tem o olho no olho. Mas é isso: está sendo assim e continuará.