Recebi, semana passada, um e-mail do cidadão baiano Carlos Terra, me agradecendo o apoio e solidariedade, dizendo que, naquele momento, ele tinha sido recebido em audiência pelo presidente do Tribunal de Justiça da Bahia, Dr. Mário Alberto.
Seguramente, o sofrido senhor me agradeceu porque vinha pedindo ao desembargador, em meu programa na Metrópole, que o atendesse, mas, registro, não guardo a presunção de que o Senhor Desembargador tenha me atendido, posto que fui apenas mais uma voz neste coro, algumas vezes silencioso, que se incomoda ao ver alguém clamando justiça e não ter eco.
A esposa do Sr. Carlos Terra esteve comigo, e a dor dessas almas é algo inimaginável. Não buscam vingança, mas justiça. Caro leitor, eles tiveram o seu filho seviciado sexualmente, queimado ainda vivo, e os possíveis autores do crime ainda não foram julgados. Só um cumpre detenção. O desassossego desses pais é de espancar qualquer insensibilidade. Nesses momentos, eu pergunto pelos órgãos de direitos humanos, onde estão que não vêm a público dizer o que fazem em defesa desse caso que já esteve até em órgãos internacionais? Sou um defensor da vida, indistintamente, mas, não se aborreçam os protetores aguerridos dos animais, se fosse um cão que tivesse sido queimado vivo...
Estamos nos tornando impermeáveis à dor humana, descuidando de que a luta de um na sociedade, em se tratando de se cumprir a lei, de se fazer justiça, deveria ser a luta da coletividade, pois isso significa a manutenção de uma sociedade em estado de civilidade, em aprimoramento – deveria ser – de suas instituições, ao grau mais próximo possível da plena satisfação. Isso é cidadania e preservação de um futuro mais digno para os nossos descendentes. Todavia, quando nos omitimos, não nos incomodamos mais, estamos atestando a falência de nossos valores, não apenas sociais, mas humanos.
Não há como deixar de lembrar, quando refletimos sobre a sociedade e seus desvarios, de Luther King: “O que me assusta não são as ações e os gritos das pessoas más, mas a indiferença e o silêncio das pessoas boas.”