Há momentos em que a desesperança se assanha toda para de mim se apoderar: são amigos que me desapontam, mas penso: eu esperei muito, sei lá... talvez; vejo a desfaçatez cada vez mais sem cerimônias da maioria dos políticos, só evidenciando os seus interesses fisiológicos de poder, poder... mas isto a gente sabe de há muito, e você, caro leitor, também não vê novidade alguma. Talvez aí esteja um problema a ser resolvido: por não vermos novidade alguma, cai na banalidade, no tal deixa para lá; vejo muitos de diversos segmentos religiosos, inclusive do meu, com o mesmo jogo de dissimulação e frases feitas, emoções planejadas... está difícil.
Muitos falam que estamos em momento de transição, a Terra será outra. Vejo isto tudo como uma ilusão, pois continuaremos sendo humanos e o que está aí é fruto da humanidade sem controle, sem proposta de ser melhor, ou pelo menos mais educada, sensível. Melhora um pouco nesta época.
Estava nesses dias em um shopping comprando, consumindo para o Natal – faz parte – e me detive em uma senhora que aproximava do rosto, quase a esfregar a mercadoria nos olhos, para melhor enxergar os preços. Aproximei-me e perguntei se ela queria ajuda. Sorriu e dispensou, para logo depois uma mulher correndo com alguns pacotes nos braços se esbarrar na senhora, que quase caiu. A apressada olhou, como a questionar porque aquela senhora estava em seu caminho, abaixou-se para pegar um panetone que caiu e sequer pediu desculpas... Estava com a pressa da deseducação. Dizem ser a correria do Natal, dos presentes, das compras.
Sempre digo que gosto de todas as datas que celebram alguma coisa, pois nos dá oportunidade de lembrarmos, de festejarmos alguém ou algo. Precisamos de motivos para, pelo menos, tentar sermos mais atenciosos, gentis com os que estão em nosso derredor. É bom demonstrar, falar dos nossos afetos... é saudável. Vejo, então, o Natal como a mais sensível das datas e a mim me serve de estímulo realmente para renovar as esperanças e expectar o melhor. Pena, no entanto – li em algum lugar –, que muitos são os que desejam “Boas Festas” aos seus amigos no período natalino, talvez porque para eles o Natal não seja mais do que isto. Que pena! Alguém já perguntou, mas a bem da verdade, poderíamos refazer a pergunta, para um ateu ou não cristão por que comemoram o Natal? E tenho certeza que eles vão responder: ora, pelo mesmo motivo de vocês cristãos: para comer, beber e ficarmos batendo papo depois da meia noite. Equivocada vivência, mas que pode ser mudada, para melhor significar esta data, em proposta de encontro fraterno e reforço de valores de família, tão desenlaçados nesses dias. Tenham um Natal de genuína fraternidade.
José Medrado,
Mestre em família pela UCSal e fundador da Cidade da Luz