Vemos por estas terras do Cruzeiro do Sul um presidente vociferando contra um bandido de colarinho branco, esquecendo-se da amizade de ambos. Agarrado ao poder de forma deprimente e totalmente despudorada, cultiva com o dinheiro público uma vassalagem de defensores, que envoltos em sombras fazem conluios com o objetivo de se protegerem, defendem o chefe e achincalhando toda uma nação, que cansada vê tudo, de certa forma, anestesiada.
O político brasileiro não está se dando conta de que o mundo está em ebulição, e que esta velha e nauseante política está evaporando, bastante vermos que na França se confirmaram as previsões, o novo partido do presidente eleito Emmanuel Macron, a República em Marcha, foi o grande vencedor das eleições legislativas francesas no último domingo (18), com a conquista de 355 cadeiras, das 577 que compõem a Assembleia Nacional da França. O detalhe está para a grande renovação que houve, o próprio presidente eleito é um neófito na política, e grande maioria dos eleitos pelo seu recém-criado partido, pouco mais de um ano, não guarda experiência eleitoral alguma. É a França escanteando os dois grandes partidos tradicionais de esquerda e de direita, o Partido Socialista e Os Republicanos, que dominavam a vida política francesa.
Esses políticos brasileiros deveriam pôr suas barbas de molho, pois esses ventos poderão chegar por aqui, que seriam muito bem-vindos, uma vez que esses mesmos de sempre só querem disputar entre si poder e picuinhas, e ao que tudo parece crimes com mais ou menos elaboração, sofisticação, engenhosidade.
É bem verdade, por outro lado, que essa ideia do novo, como elemento de experimento, já que o velho está carcomido, apodrecido, poderá gerar oportunistas de plantão, que aproveitando desta atmosfera de desencanto e profunda rejeição ao aí posto na política partidária, ensejariam discursos oportunistas, de salvadores da pátria.
Os políticos estão evidenciando uma tragédia moral sem contornos e dimensões, o que exibe uma insuficiência de empatia com as reais funções para as quais foram eleitos, visto que as práticas desses senhores do poder têm evidenciado que o controle está sob o poder econômico, e que eles não são protagonistas de suas ações e programas, mas sim quem os arrebata nos leilões morais a que se colocam. Nesse sentido, dirá o professor doutor José Renato da Silveira “que o Brasil está passando pelo que pode ser um momento decisivo em sua formação nacional. São tempos de desorientação e incertezas que não são absolutamente negativos. Trata-se de uma espécie de crise no sentido gramsciano, ou seja, em que o novo chega com vigor, mas não acabou de nascer e o velho ainda não morreu de todo. Esperemos.
José Medrado
Mestre em Família pela Ucsal e fundador da Cidade da Luz