A Cidade da Luz tem recebido algumas homenagens, por força da dedicação de centenas de pessoas que por lá mourejam, mas na última quarta uma em especial falou ao meu coração, foi a Yom HaShoá, Dia da Lembrança do Holocausto. A Sociedade Israelita da Bahia, através do seu presidente, Luciano Fingergut, e do rabino Uri Lam, me honrou e a Cidade da Luz com a distinção “Instituição de expressiva atividade na área de justiça social”, simbolizada com a plantação de árvores no Bosque Brasil, região de Modiin, em Israel, com o nome da Cidade da Luz e o meu. Essas mudas representam quem atua na área social e que, portanto, luta pela vida através da dedicação aos menos favorecidos.
A emoção me dominou, principalmente quando, em ato simbólico, alguns representantes da comunidade judaica baiana eram chamados para acender uma das velas representando os seis milhões de judeus assassinados durante a segunda guerra mundial e transbordou quando o Sr. Peter Ungar veio acender uma delas. Fui, então, informado que aquele senhor era o único sobrevivente na Bahia de tal sanha. Relembrei que tais mortes por perseguição aos judeus somam duas vezes a população de Salvador, além de ciganos, homossexuais e portadores de necessidades especiais.
A reflexão do Yom HaShoá deve ser algo permanente em nossos dias, pois o fundamentalismo ideológico de toda natureza é sempre perverso e busca o caminho do extermínio aos que se tornam contrapontos a ideias alienantes, diversas daquelas que grupo ou pessoas defendem. É preciso atenção e cuidado diante do que vemos nessa direção em nosso país, onde ainda o candomblé é achacado e perseguido, homossexuais abatidos e pessoas com necessidades especiais estigmatizadas. São direitos violados por incitação, ora religiosa, ora preconceituosa ou por interação de ambas, geralmente com a complacência da sociedade, que não reage, pois não são os seus interesses e/ou posição incomodados.
José Medrado
Mestre em Família pela UCSal e fundador da Cidade da Luz