Tenho acompanhado ao longo dos meus vinte e três anos de exercício da pintura mediúnica, guardando a responsabilidade de ter sido o primeiro no Norte e Nordeste desta prática, coisas estranhas ao verdadeiro processo.
Indignam-me as demonstrações falaciosas de um exercício apartado da ética, do direcionamento financeiro a fins sociais e a necessidade que vejo em muitos médiuns de fazer o “fenômeno” ser mais real do que de fato é, dando chances a críticas sem sentido. Ao observador desatento, por exemplo, falo da tentativa de demonstrar ou insinuar que o médium não vê, não acompanha o que faz. Mentira. Vê, sim. Alguns ficam simulando olhos fechados, alisando a tela com a tinta sem sair do lugar, ou mesmo um pastel que só corre quando os olhos são voltados ao trabalho. Vejam por aí, pela net o que falo. São comportamentos que expõem o fenômeno a críticas desnecessárias. Se realmente eles não veem, porque não cerram os olhos com uma venda escura, a fim de, de fato, fazerem o trabalho sem ver nada. Não fazem porque não conseguirão. Está aqui o desafio.
Infelizmente, esta prática mediúnica sempre está em foco por força dos recursos financeiros que levantam, que não são nada extraordinários, mas todo trabalho mediúnico tem esse objetivo para a caridade; os livros não são vendidos, aos milhares? É a mesma coisa. O direcionamento tem que ser claro, o médium precisa ter o seu trabalho profissional, a fim de que fique tudo evidente para onde se destinam os recursos, e isto não é favor, nem concessão é obrigação de quem se lança a um trabalho com os espíritos, tendo como pano de fundo uma ação social.
Recentemente, foi lançado um livro falando sobre o tema, dizendo-se pesquisa, mas, no entanto, é um recorte da atividade no Sudeste do país – falo isso tranquilamente, inclusive porque o autor, em uma entrevista a um site espírita, falou do meu trabalho com respeito - o livro, no entanto, traz uma abordagem muito focada no entendimento do autor, que reporta a ações interessantes, mas do seu ponto de vista. Nessa entrevista que aludo, ele tem uma posição interessante sobre as assinaturas dos pintores/médiuns, que eu concordo, quanto à desnecessidade de se assinar como eles faziam em vida, isto é firula de médiuns, de fácil aprendizagem, pois o que, realmente, precisa contar é o estilo, as características. Eu, por exemplo, seguindo a orientação de uma grande professor de Artes plásticas, Ivo Velame, quando fiz uma demonstração para avaliação de críticos de artes da Bahia, tendo entre eles a reconhecida Matilde Matos, membro do Conselho Internacional de Críticos de Artes, que fez à época um lindo artigo ao Jornal da Bahia, assino p/Medrado, para identificar o trabalho mediúnico.
Infelizmente, é uma mediunidade que tem sido vista com certa reserva, por conta de alguns médiuns que a desqualificam, em ações descomprometidas com os nobres princípios que devem nortear um trabalho com Jesus, mas isto não é a regra, é exceção.