O Poder Executivo se tornou em uma grande força desequilibrante da harmonia entre os Poderes constitutivos da União, estados e municípios, pois detém, como dizem, o poder da caneta, ou seja, nomeia, dá emprego, posição de mando e por aí vai.
Sem falar, naturalmente, que detém a chave do cofre. Ministros, desembargadores, chefes de procuradoria, dentre outros, são nomeados pelo Poder Executivo, principalmente da União e estados. Daí, naturalmente, surge uma fatura que, cedo ou tarde, para muitos, é cobrada. “Ideologias”, princípios de entendimentos são verificados quanto ao seu alinhamento ou não com os donos da caneta. A isenção fica em xeque. Claro, para muitos a questão política é engolida por rito de exceção, mas há os que firmam a sua independência.
Assim, quando vemos na atual campanha arroubos do que vai fazer, como vai, principalmente dos candidatos à Câmara dos Vereadores, achamos intrigante a repetição dos discursos, sem qualquer nexo com o que de fato será. Percebe-se logo uma espécie de disposição para dizer inverdades, pois o que temos visto são meros protocoladores da vontade do dono da caneta, como são os deputados estaduais e federais. Surgiu, no entanto, uma justificativa para esse cooptação de poderes, com o nome de base aliada. Ou seja, o que é da base ratifica protocolo, quem não é, cria dificuldade à governança.
Surge uma aura de faz de conta, onde a preocupação, em verdade, é com a fatia do poder, em um toma lá, dá cá, sem princípios. O exercício dos empregos dados pelo povo deveria ser o de dever cidadão, diante das obrigações legais que os postos eletivos determinam. Dessa forma, não veríamos ações de negligência dos poderes executivos sendo tratadas como um algo qualquer, mas sim como improbidades administrativas. A esse título, apenas para ilustrar, vemos que a Prefeitura de Salvador, há mais de sete anos, desrespeita um Termo de Ajustamento de Conduta com o Ministério Público, onde se comprometeu a um reajuste anual das per captas para os abrigos, que não cumpre, e fica por isso mesmo.