Os servidores do Poder Judiciário Federal estamos em greve, na busca de aprovarmos o nosso Plano de Cargo e Salário, pois são nove anos sem qualquer tipo de reposição. O Executivo Federal subordina o Poder Judiciário, e pronto. Há uma subserviência quase que vergonhosa. A partir daí tenta confundir a sociedade – prática deste governo –, lançando valores do pleito que serão escalonados em anos, como se fossem reposições de imediato, pondo-nos contra a sociedade, falando que já ganhamos muito.
Ora, o povo brasileiro é aviltado de todas as formas, mas os concursos públicos são caminhos democráticos para o acesso dos que elegem essas carreiras como importantes. Ademais, vejamos o que disse, faz pouco, em dezembro de 2014, na Revista Valor Econômico, um dos mais prestigiados ministros do Tribunal Superior do Trabalho, Ives Gandra: “Eu conto com os meus assessores, que fazem a minuta e eu reviso. Mas chega uma hora que eu não consigo revisar. Eu tenho que despachar aqui na presidência 200 recursos extraordinários por dia. Então, eu vejo aqueles que fogem do comum. De resto, eu acredito que o assessor está fazendo de acordo como que eu tinha orientado. A sociedade acredita que eu que estou despachando, mas não sou eu. Eu chamo meus assessores de juízes de fato (...).” Veja-se que o trabalho é, em verdade, de assessoramento, em apoio em decisões, despachos, que exigem pesquisas, especializações diversas e na escala de ações, cada um, em seu labor, gira a engrenagem para se fazer justiça. Sei, no entanto, que a justiça pode ser demorada, cobre-se de quem faz as leis.
Muitos magistrados reconhecem o nosso valor, poucos trabalham a sociedade com argumentos falaciosos calcados em um sentimento de aparente injustiça pelas diferenças salariais nacionais, para gerar conflitos em quem se preocupa com os possíveis ganhos maiores do outro. É a demagogia da indignação. Aprendamos a lutar e a respeitar os nossos e os direitos dos outros, até nas conquistas.
José Medrado
Mestre em Família pela UCSal e fundador da Cidade da Luz