Estamos em época de campanha eleitoral, onde vêm à tona as nossas indignações com a desfaçatez, a ausência de ética, os abusos morais e por aí vai. Geralmente, concluímos que se trata, de uma forma geral, de um ambiente insalubre, moralmente falando, mas é preciso, no entanto, agir para melhorar, sempre. Porém, o ponto que quero abordar aqui é que na política essas questões são, de algum modo, às escancaras, e nos corredores e bastidores religiosos de todas as religiões que isso mesmo acontece e prior, entendo, como se nada disso estivesse presente em muitas pessoas e em certas instituições.
Monta-se uma espécie de silêncio conveniente, onde muitos, se não a maioria, sabemos dos desmandos, escândalos, perseguições, mas nada se comenta, salvo se for no terreno vizinho, de outra religião. Vejo tais comportamentos muito mais repulsivos do que dos políticos, pois aqui todos sabem, suspeita-se e no religioso, não. Cria-se uma auréola de falsa paz, de fraternidade ensaiada, de solidariedade artificial, para, como os políticos, enganar o povo.
Você mesmo, caro leitor, que se está aqui lendo este artigo guarda alguma ligação religiosa, então: pare, pense e lembre se de onde você transita já não presenciou ou mesmo vivenciou tais esdrúxulas atitudes. É fato que, como seres humanos, estamos todos submetidos às nossas falências morais e isso precisa sempre ser considerado, porém não se evidenciar trabalho algum de melhoria, muito pelo contrário, aperfeiçoar os processos de mistificação moral, é realmente um escárnio.
Vamos ver muitas referências, nas mais variadas hostes religiosas, como arautos de exemplo, mas também vamos encontrar os Malufs, os velhos Coronéis de sempre. É bastante procurar. São bocas que publicamente vertem manjares e mel, mas que no particular são devoradores de individualidade, quando não de reputação. Mas esses já eram conhecidos desde sempre, quem não sabe dos tais “lobos em roupa de cordeiro”. Vivem, no entanto, penso, os festejos dos engabelados, mas a angústia do que são, no conhecimento de suas mentiras e engodos. Muitos, acredito, nem creem na realidade que pregam, mas o fazem como ilusionistas dos sentimentos e emoções humanas.
Sei que desconforto você leitor, muitas vezes, com verdades que não gostaria de saber, preferindo ficar nas abordagens falseadas, mas, se Jesus é o modelo a seguirmos, lá está Ele falando dos sepulcros caiados. E nós espíritas temos uma fé raciocinada, logo refletida sobre o pensar sem receios, não nos permitindo fanatização por instituições ou pessoas, a fim de que não venhamos a nos martirizar com o que somos, achando que por aí tem muita gente à nossa frente na caminhada evolutiva. Não é bem assim, não. Só me lembro do grande espírita, Josué Arapiraca, - espírita combatido por alguns, mas verdadeiro em suas buscas, de onde nasci para o exercício mediúnico -, ao se reportar a esses como “satanases pregando quaresma”.