Em 1938, quando foi lançada a primeira edição de Brasil Coração do Mundo, Pátria do Evangelho de autoria espiritual de Humberto de Campos pelas mãos de Chico Xavier, seguramente, o espírito otimizado por um país que estava até então neutro da Grande Guerra que ocorria na Europa, onde os seus valores eram de paz, ainda que de interesse político enviesado, mas, de qualquer forma, estava equidistante.
Assim, natural que se visse a estrutura do povo brasileiro de então como de grande referência civilizatória. Todavia, não se pode esperar profecias de um espírito, principalmente quando se tem em conta o ser humano, com seu livre arbítrio e ações deliberadas, consequentemente, pela sua vontade. O sonho desvaneceu, talvez um ideário que esfumaçou por força dos “continuadores” da tarefa, em sua maioria.
Vê-se que a análise sem pieguismo ou fanatismo das questões que hoje envolvem o fanal espírita esta muito afastada de qualquer tipo de união, de congregação em torno de princípios ou mesmo de ação comum. Os princípios espíritas se mantêm e mais falados, buscados são, no entanto a vida do tal “movimento espírita” está em uma UTI, que penso em fase falencial irremediável.
O movimento espírita se tornou em o movimento das Casas espíritas, onde as pretensas instituições que se apresentavam como coordenadoras de iniciativas se tornaram em grandes ou pequenos feudos de poder permanente, sem qualquer sentido democrático, mas de grande conteúdo, e somente, de presunção de verdade, em ditados cada vez mais autocrático e sem a participação de quem, de fato, faz, na prática, junto ao povo, um trabalho de disseminação do conteúdo doutrinário do Espiritismo. Os que conseguem fazer o fazem com denodo, coragem, arrojo, sofrendo, muitas vezes, o envio dos petardos do ciúme, do incômodo por parte dos que nada ou pouco fazem,mas se arvoram como donos, manejadores do que não pertence a ninguém, mas é de domínio de todos: o Espiritismo.
Vemos que o contraditório é relegado ao carimbo de obsessão; alguns querem ser os oráculos com os seus espíritos de verdades que não estão sob o domínio de pessoa alguma, mas no âmbito das ideias dos que professam o pensamento espírita e o torna fonte de debate, de crescimento filosófico e do próprio pensar a vida, o mundo, a sociedade e as demandas contemporâneas das pessoas.
Pobres presunçosos, que se julgam casta sacerdotal superior, oráculos do saber, abelhas rainhas da incúria, estão se deixando perder simplesmente porque não se encontraram em suas paixões e ilusões.
O espiritualismo grassa por toda parte, venho constatando isto em países como a Suíça, Inglaterra, Escócia, Dinamarca, Finlândia e Suécia de onde acabei de retornar atendendo a convites de instituições ligadas a princípios espirituais, que mesmo sendo organizações distintas, guardam entre si o princípio da cooperação e do respeito em suas ações mútuas. O coração do mundo estará cardiopata?