Recebi alguns e-mails em consequência do meu último comentário aqui publicado – “Donos do Brasil” -, de concordância e mais: de desabafo, indignação e revolta frente à deterioração de valores comezinhos que devem permear as relações de cidadania em um País que se coloca como democrático. Nesses e-mails, os leitores manifestantes depuseram inúmeros desrespeitos sofridos, como consumidores, de empresas prestadoras de serviço, reafirmando, inclusive, que o Poder Judiciário está de fato leniente nos apenamentos.
Alguns, ainda, falaram da sua descrença diante da seriedade do Judiciário, de um modo geral. Abati-me diante de tanto desencanto e sentimento nascido do "não tem mais jeito". Cabe-me, na tentativa de, não sei... consolo, talvez, dizer que tenho trinta e dois anos de serviço no Judiciário trabalhista e posso garantir a seriedade daqueles magistrados com quem trabalhei e trabalho, bem como conheço e convivo com alguns outros de diversos tribunais que engrandecem e geram, sim, confiança à cidadania proba.
Ainda na última quinta-feira, tive a subida honra de, em sessão solene, na sede do judiciário baiano, colocar a medalha de desembargador, ao lado da esposa, do recém-eleito e mais novo membro do segundo grau do Tribunal de Justiça da Bahia, Dr. João Augusto Pinto. Magistrado de carreira, com grandes títulos e autor de livros, que, em contundente discurso, no dia da sua eleição, vaticinou que ascendia àquela posição com as mãos limpas por nunca ter vendido uma sentença. Foi efusivamente aplaudido por todos os presentes. Disse uma verdade, sem dúvida.
O problema, no entanto, que continua esgarçando as relações cidadãs com o Judiciário sério, é um Legislativo totalmente cooptado pelo Executivo, que determina, em verdade, a legislação do País, não deixando espaço algum para que os legisladores façam o que devem.