Faz umas duas semanas que a vereadora Cátia Rodrigues aprovou, na Câmara de Vereadores de Salvador, um projeto de indicação ao prefeito ACM Neto para a colocação de uma bíblia “em dimensões análogas às demais homenagens prestadas no local”, aludindo às esculturas de orixás, do renomado artista Tati Moreno, expostas no Dique do Tororó.
Em meio a emaranhados, permitam-me os sérios, que geralmente há entre políticos e alguns líderes com votos de rédeas, o prefeito de Salvador afirmou em bom tom e com postura altiva que era desnecessário ter uma bíblia no local, lembrando do espaço que existirá no Ogunjá para representação religiosa dos evangélicos, sem falar, naturalmente, que já existe uma bíblia na praça Ana Lúcia Magalhães, na Pituba. Ora, ora, não resta dúvida alguma que a intenção desta senhora vereadora foi meramente provocativa, de intolerância e abuso, querendo evidenciar força política e demonstrar aos seus eleitores que ela “trabalha” – a propósito me ocorreu a curiosidade de saber da frequência dela na Câmara, bem como projetos apresentados para o benefício geral da cidade. Não quero acreditar que só tenha sido este da bíblia gigante.
Certamente, que todo e qualquer vereador propõe o que acha importante, mas quando se apoia em ação de provocação é preciso que a sociedade fique em alerta, pois é assim que começam as grandes sanhas de intolerância, com aparentes inofensivas atitudes.
Faço parte ao lado de lideranças religiosas de um recém-formado Comitê Baiano Inter-religioso que guarda o objetivo de monitorar ações de intolerância, provocações religiosas e denunciar com firmeza tais insensatezes.
Assim, esperamos que os senhores políticos que adoram posar para fotos de integração religiosa, em discurso de igualdade passem a ter comportamentos mais assertivos, sem receio de quaisquer segmentos religiosos, a fim de serem respeitados pelo todo, no comprometimento com a cidadania, no dever com a manutenção da harmonia social.
José Medrado
Mestre em Família pela UCSal e fundador da Cidade da Luz